O descaso mundial com os palestinos sempre foi uma realidade.
Foi assim com a chamada declaração Balfour, de 1917, onde o governo britânico já manifestava a intenção de instalar uma Nação judaica na então Palestina, sem sequer consultar o povo que lá habitava, o palestino.
Também foi assim com a Resolução 181, em que a ONU destinou a maior parte da palestina para a criação do chamado Estado de Israel sem sequer consultar o povo palestino que habitava toda a área.
E foi assim desde a criação de Israel, onde palestinos foram executados, forçados a procurar refúgio ou a viver em condições indignas em áreas diminutas, cercadas por terra, ar e mar pelo Exército de Israel.
Agora, a suspensão de ajuda de alguns governos à UNRWA, após a denúncia do governo israelense de que funcionários da agência teriam colaborado com os ataques do Hamas a Israel no dia 7 de outubro, evidencia o descaso não apenas com o importante papel das agências da ONU, mas com o povo palestino, que tanto necessita de ajuda humanitária para as coisas básicas, principalmente sobreviver.
O corte da ajuda de diversos países à agência da ONU para os refugiados palestinos não é uma decisão apenas contra a UNRWA, mas contra todos o palestinos que, em razão de décadas de bloqueio e da guerra atual, não têm o que comer e dependem de ajuda para receber assistência médica e humanitária como um todo. Mas isso a mídia hegemônica, ocidental, não diz, fechada na tendência de normalizar tudo o que não lhe convém.
Esse corte pode ser lido, sim, como uma punição coletiva a quem já sofre com uma guerra horrenda. E não sou eu apenas quem diz isso. Há gente muito mais importante e próxima da questão dos palestinos que percebe isso e o diz em alto e bom som, como o Chefe da UNRWA, Philippe Lazarinni.
A acusação apresentada por Israel, de que alguns funconários da UNRWA teriam colaborado nos ataques horrendos do Hamas a Israel no dia 7 de outubro de 2023, deve ser devidamente apurado, e com cautela, considerando-se as rusgas do Estado sionista com as agências da ONU, em especial a UNRWA, e os ataques dos soldados de Netanyahu a Gaza que mataram mais de cem funcionários da agência da ONU. Além disso, como soa óbvio, não se pode punir um órgão, como um todo, que tem uma importância histórica, nem um povo que necessita de ajuda humanitária para dar os últimos suspiros de vida baseado apenas em denúncia não comprovada. Puna-se os agentes eventualmente responsáveis é o que o bom direito determina.
A extensão da punição ao povo palestino apenas evidencia a parcialidade hipócrita que alguns países, que agora suspenderam a ajuda financeira à agência da ONU, tentam maquiar através da denúncia de um país visivelmente parcial.