Toda guerra, sempre provocada por humanos, é essencialmente
desumana e visa ao poder, seja ele territorial,
de influência geopolítica ou econômica,
de manutenção do poder do governante do Estado
beligerante ou de mero aniquilamento
do inimigo.
A guerra entre Israel e a população palestina é o
único exemplo de guerra provocada pelos quatro
motivos acima. Não se trata de defesa, como alega.
Seria ação de defesa se, ao invés de atacar a
população palestina, adotasse medidas para o enfraquecimento e até possível aniquilamento
do Hamas, mas não o faz. Utiliza a guerra para manter Netanyahu no poder e
também pelos três outros motivos acima.
Netanyahu está enfraquecido politicamente, seja por
conta das ações do Hamas em 7 de outubro, seja pelo conflito com a Suprema
Corte do País, seja pelos processos de corrupção que responde na Justiça
israelense. Fora isso, há três outros motivos para a guerra.
Israel visa aumentar a influência geopolítica,
enfraquecendo a atuação do Irã na região e também para apoderar-se da pequena área petrolífera e de
gás de Gaza, no Mediterrâneo.
Israel também visa à expansão territorial, como vem
fazendo desde a sua criação, tanto que tomou terras da Síria (e anexou), do
Líbano (anexou parte e devolveu outra parte), do Egito (devolveu) e dos
territórios palestinos, que ocupou civil e militarmente e se recusa a permitir
a criação de um Estado palestino minimamente viável, seja sob os aspectos
geográficos, econômicos ou militares. De um lado, ameaçou expulsar todos os
palestinos de Gaza para o Egito. De outro, ameaçou um ataque nuclear na região.
E, por fim, ameaça invadir o sul do Líbano, provocando o grupo Hezbollah para
um enfrentamento definitivo, possivelmente para ocupar grande área da antiga Fenícia.
Mas não é só isso. A guerra visa também eliminar o
povo palestino da área pretendida por Israel. As falas horrendas de diversos
Ministros de Netanyahu e o mapa apresentado por Netanyahu, em 2023 na ONU sem
os territórios palestinos, evidenciam como pensam os atuais governantes de
Israel. A Israel permitida pela ONU se ampliou ilegalmente e avançou para áreas
que pertenceriam aos sírios, libaneses e palestinos, esses últimos apátridas,
prisioneiros em uma terra controlada por seus inimigos. Um Estado religioso,
como é Israel, voltado unicamente aos judeus desde a sua criação, não consegue
assimilar etnias diversas de forma isonômica e democrática. Os árabes
israelenses, que são aqueles descendentes de palestinos que ficaram em território
de Israel desde a sua criação, sejam cristãos ou muçulmanos, possuem uma cidadania
de segunda classe, com menos direitos que os demais cidadãos de Israel e
costumam ser perseguidos pelo governo quando se manifestam contra os excessos
praticados pelo Estado de Israel.
Mulheres, crianças, idosos e jovens são privados de
alimentos e de tratamento de saúde por conta da proibição israelense de que
ingresse qualquer tipo de ajuda no território palestino.
Os palestinos não têm para onde fugir, cercados por
Israelenses por terra, ar e mar, e sem a permissão do Egito para buscar refúgio
no país vizinho. Estão presos e sendo alvos de execução. O assassinato de dois
reféns israelenses pelo próprio exército de Israel parece evidenciar a execução
em massa existente no território.
Enquanto isso acontece, com o assassinato de cerca de
2% da população de Palestinos de Gaza (computando os declarados mortos e os desaparecidos), o mundo se cala.
Todo esse tipo de injustiça e barbaridade ocorre na
chamada Terra Santa para as três grandes religiões: Cristianismo, Islamismo e Judaísmo
e muitas pessoas não veem ou não querem ver, como ocorreu à época de Cristo,
quando a população, sob o jugo perverso e cruel do Império Romano e de Fariseus,
não era capaz de perceber toda a Santidade do Criador Encarnado que lá estava,
em carne, osso e Espírito.
Obs: Quando se critica as ações
de Israel, se faz como ente político que Israel é. O Estado de Israel representa
as opções políticas da maioria votante, de direita e extrema direita e não se
confunde com a religião judaica, que deve ser profundamente respeitada. Israel
é resultado do sionismo que não se confunde com a religião. Podemos dar como
exemplo, a grosso modo, o Vaticano. Se o Estado do Vaticano atacar a Itália e praticar ações desumanas
contra os habitantes desta, ao criticarmos o Vaticano estaremos atacando o
respectivo Estado e não a Fé Cristã. Não há como se confundir o que é de César
(Estado) e o que é de Deus (Religião), como já ensinava Jesus Cristo. Tentar
confundir Estado e Religião, como se os ataques às políticas perversas de
Israel fossem contra o judaísmo serve tão somente às intenções nefastas
daqueles que não têm escrúpulos em praticar o mal e não dar o respeito devido à religião judaica. Não é por outro motivo que existem muitos judeus, inclusive ortodoxos, críticos ao sionismo e à política colonialista de Netanyahu.