O mundo não se divide mais entre esquerda e direita, por mais que a extrema direita utilize o discurso anti-comunista.
Com exceção à Coreia do Norte, não há país comunista no mundo. No máximo há alguns pouquíssimos países com viés socialista, o que é diferente.
A extrema direita brasileira é extremamente conservadora nos costumes, sendo contra o aborto, o casamento homossexual, o transexualismo, cotas para comunidades discriminadas. Têm uma visão anacrônica do meio social.
O mundo político, hoje, se divide entre os que defendem os interesses nacionais e de sua população e aqueles que, com discursos contraditórios, entregam as riquezas às potências de sempre.
A extrema direita brasileira é abertamente contra o Estado e o seu poder de polícia, que inclui fiscalizar, prender e julgar, defendendo o desmatamento ilegal, a mineração ilegal, o armamentismo sem fiscalização pela Polícia, grandes grupos do comércio e determinadas classes sociais, além do rentismo financeiro, contra a produção industrial e tecnológica nacional. Não é por outro motivo que o bolsonarismo sempre bateu pesado contra o STF e a maioria de seus integrantes. Também não é por outro motivo que Roberto Jefferson, um aliado de Bolsonaro, reagiu a tiros e com arremesso de granadas, contra a Polícia Federal. A Lei e a Ordem nunca foram admiradas por Bolsonaro, que chegou a ser expulso do Exército Brasileiro, e agora não o são pelos seus seguidores fiéis.
A extrema direita brasileira degrada as instituições e fomenta o desrespeito a elas. Isso enfraquece não apenas o poder de polícia, mas esfarela a capacidade de reação e articulação do Estado na defesa dos interesses do país.
No resto do mundo, a extrema direita defende o poder de polícia do Estado. Aqui, não. O poder de polícia aos ilegais e poderosos, não interessava ao governo anterior.
Esse movimento de extrema direita, mais que defender posicionamentos conservadores e pensamentos anacrônicos, enfraquece as instituições do País e a própria capacidade do Brasil de se organizar e reagir a movimentos que atentem contra o seu interesse.
Não precisa ser muito inteligente para perceber que países com viés imperialista e colonialista, com discursos de defesa da Amazônia e interesses de domínio do mercado nacional são os maiores beneficiários a médio e curto prazo, ainda que o governo que deixou o poder há menos de um ano tenha proferido discursos agressivos contra uma série de países europeus.
Prestar continência à bandeira dos EUA não foi um ato impensado, mas uma rendição e ato de traição.
A extrema direita dos EUA, da França e de alguns outros países defende o desenvolvimento nacional, mas a brasileira é surreal, pois além de entregar a base de Alcântara aos EUA, endossar a venda - hoje fracassada - da Embraer à Boeing, propor o fechamento da estatal CEITEC, única produtora de semicondutores e chips no hemisfério sul, vendeu boa parte das poucas refinarias nacionais, fomentando ainda o rentismo contra indústria nacional. O resultado disso é o aumento da dependência brasileira de países industrialmente desenvolvidos, o fechamento e a saída de indústrias e a substituição de empregos qualificados por empregos menos qualificados para os brasileiros.
Ao mesmo tempo, o ataque à ciência e às universidades, e os ataques juridicamente orquestrados contra as grandes empresas multinacionais de engenharia brasileiras, não revela outra coisa que não o aniquilamento do que nos resta de desenvolvimento científico e tecnológico nacionais.
A extrema direita brasileira desses tempos é entreguista e não tem nada de nacionalista.
Me envergonha um nacionalista se dizer bolsonarista, pois é exatamente contra tudo o que os interesses nacionais representam.
Não digo que hoje o Brasil está uma maravilha, mas nos anos Bolsonaro o país como um todo rumou para o abismo em todas as áreas de interesse nacional.
É preciso por ordem na casa.
A investigação pela ABIN e pela Polícia Federal de todos os atos contra os interesses nacionais deveria ser uma prioridade. Isso pode não ser prioridade ao governo atual, mas interessa ao país e a todos brasileiros que sonham com um país soberano e independente dos interesses estrangeiros.