quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

ESTAREMOS CONDENADOS A SERMOS MAUS?

Uma vez li uma frase que me marcou, e que dava nome ao livro que estava lendo: os papeis que vivemos na vida.

A mente humana é tão rica, mas também pode ser tão subserviente, que nos deixamos influenciar e passamos a querer viver uma vida alheia à nossa, como se fossemos personagens.

Deixamos de viver a nossa vida para vivenciar uma vida influenciada pelo o que julgamos superior ou pelo o que os outros ou a própria sociedade nos impõem de forma subconsciente.

Porém, o ser humano sempre vivenciou ou quis vivenciar descobertas, sejam do plano Espiritual, sejam do Cosmos. Quase sempre foi assim. O foi com as pinturas rupestres, com a observação dos Céus, com a criação das primeiras religiões, com o surgimento dos mitos. Muitos reis, príncipes e ricos abandonavam seus lares e viviam as dores do povo. Foi assim com Buda e com tantos reis e imperadores que já passaram pela Terra. Cristo abandonou a posição de Deus e se entregou ao sofrimento carnal.

Porém, com o advento do capitalismo como sistema econômico, o ser humano foi abandonando a pretensão de ampliar o conhecimento, de aprofundar-se no ser, e sedimentou a preocupação do ter e do aparentar ser.

A miséria e a fome, vista ao vivo por todos nas ruas, na tevê e na internet, já não comoviam tantas pessoas. O outro era visto como objeto de desejo se carregasse beleza ou riqueza. Aqueles que não detivessem sucesso, porém, eram esquecidos ou perdiam a característica humana, no julgamento desses outros, mais preocupados com a aparência.

A Fé para muitas novas Igrejas, na Era do Capitalismo, valorizava o sucesso e, para eles, a busca de Jesus visava ampliar fortunas e fama. O lado bom da humanidade não era primordial. Na verdade, era esquecido. Os julgamentos morais, para essas novas religiões e a extrema direita, eram mais fortes e importantes que a aceitação, o perdão e o amor.

Na Era da futilidade e das aparências é que surgiram e se difundiram formas radicais de governança, seja no oriente ou no ocidente, incluindo aí o Brasil. O conhecimento e a diversidade passaram a ser perseguidos pelos radicais, mais preocupados com a forma do que com a essência.

O capitalismo sedimentou o materialismo, o abandono da fraternidade e o fim da preocupação com o conjunto, que inclui o Cosmos, o Céu, o infinito e o eterno, e também da própria humanidade.

Mesmo diante de tudo isso, estaríamos condenados a vivenciar o caos e o abrutalhar individual e coletivo? Os seres humanos estariam condenados à involução e a serem considerados maus?

Não. Os ensinamentos das Religiões mais antigas, a Espiritualidade e as inúmeras formas de meditação são um canal para uma vida mais evoluída, não centrada exclusivamente na carne, no prazer e nas abstrações que seduzem as almas mais incipientes e insipientes.

Se o mundo material nos traz dor e sofrimento, o campo da Espiritualidade pode trazer transcendência, racionalidade, aceitação, aconchego, amor e felicidade!

Elevando-nos mentalmente, permitindo alcançar a paz mental, podemos nos desprender, ainda que momentaneamente, do mundo carnal que nos cerca. Uma boa música, um bom incenso, a natureza e principalmente a paz interior nos permitem a elevação e sublimação da Espiritualidade, que não se confunde com o mundo dos Espíritos, mas se trata de alcançar o caminho da essência humana, de sua razão de existir, do seu eu oculto.

A percepção de que se está no caminho certo da Espiritualidade é alcançado, ainda que no breve transe, pela paz, pela sensação de alegria contagiante e duradoura, a verdadeira Felicidade!

Se podemos viver tantos papeis materiais, porque não podemos extravasar e vivenciar o papel espiritual, talvez o único verdadeiro, ligado à nossa essência e razão de existir?

O mundo material seria criação de Deus, com toda a beleza que o planeta Terra reúne, ou seria uma criação do Demônio, com todo o sofrimento que a vida material nos impõe, como acreditam os Mandeus?

A vida na Terra é um experimento, uma dádiva, um papel que vivenciamos. A nossa essência está em outro campo, em outra dimensão muito menos bruta.

O que vivenciamos aqui é apenas um papel. Um papel que será objeto de julgamento. A premiação não será material nem afetará o ego. Será, conforme o merecimento, o desprendimento carnal crescente.

Os Seres Espirituais são das mais diversas Ordens e poderemos nos unir a eles.

E nós, como Almas (Espíritos encarnados), podemos ter a proteção apenas de outros Espíritos ou também de nós mesmos, enquanto seres Espirituais, ainda que encarnados?

Desconsiderar a possibilidade de que nos protejamos (ainda que não exclusivamente) é abstrair a concepção de que nós carregamos Espírito, uma energia que não apenas nos permite a consciência, mas que também protege o nosso campo material. Por isso devemos sempre vigiar e orar e também nos amarmos, como amamos ao próximo.

O mundo material surge como uma espécie de teste para a nossa pretensa evolução no mundo Espiritual.

Mas quantos graus de evolução teríamos que galgar até nos desprendermos da matéria como a conhecemos?

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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