Uma vez li uma frase que me
marcou, e que dava nome ao livro que estava lendo: os papeis que vivemos na
vida.
A mente humana é tão rica, mas
também pode ser tão subserviente, que nos deixamos influenciar e passamos a
querer viver uma vida alheia à nossa, como se fossemos personagens.
Deixamos de viver a nossa vida
para vivenciar uma vida influenciada pelo o que julgamos superior ou pelo o que
os outros ou a própria sociedade nos impõem de forma subconsciente.
Porém, o ser humano sempre
vivenciou ou quis vivenciar descobertas, sejam do plano Espiritual, sejam do Cosmos.
Quase sempre foi assim. O foi com as pinturas rupestres, com a observação dos
Céus, com a criação das primeiras religiões, com o surgimento dos mitos. Muitos
reis, príncipes e ricos abandonavam seus lares e viviam as dores do povo. Foi
assim com Buda e com tantos reis e imperadores que já passaram pela Terra.
Cristo abandonou a posição de Deus e se entregou ao sofrimento carnal.
Porém, com o advento do
capitalismo como sistema econômico, o ser humano foi abandonando a pretensão de
ampliar o conhecimento, de aprofundar-se no ser, e sedimentou a preocupação do
ter e do aparentar ser.
A miséria e a fome, vista ao vivo
por todos nas ruas, na tevê e na internet, já não comoviam tantas pessoas. O
outro era visto como objeto de desejo se carregasse beleza ou riqueza. Aqueles
que não detivessem sucesso, porém, eram esquecidos ou perdiam a característica
humana, no julgamento desses outros, mais preocupados com a aparência.
A Fé para muitas novas Igrejas,
na Era do Capitalismo, valorizava o sucesso e, para eles, a busca de Jesus
visava ampliar fortunas e fama. O lado bom da humanidade não era primordial. Na
verdade, era esquecido. Os julgamentos morais, para essas novas religiões e a
extrema direita, eram mais fortes e importantes que a aceitação, o perdão e o
amor.
Na Era da futilidade e das
aparências é que surgiram e se difundiram formas radicais de governança, seja
no oriente ou no ocidente, incluindo aí o Brasil. O conhecimento e a diversidade
passaram a ser perseguidos pelos radicais, mais preocupados com a forma do que
com a essência.
O capitalismo sedimentou o
materialismo, o abandono da fraternidade e o fim da preocupação com o conjunto,
que inclui o Cosmos, o Céu, o infinito e o eterno, e também da própria
humanidade.
Mesmo diante de tudo isso,
estaríamos condenados a vivenciar o caos e o abrutalhar individual e coletivo?
Os seres humanos estariam condenados à involução e a serem considerados maus?
Não. Os ensinamentos das
Religiões mais antigas, a Espiritualidade e as inúmeras formas de meditação são
um canal para uma vida mais evoluída, não centrada exclusivamente na carne, no
prazer e nas abstrações que seduzem as almas mais incipientes e insipientes.
Se o mundo material nos traz dor
e sofrimento, o campo da Espiritualidade pode trazer transcendência, racionalidade,
aceitação, aconchego, amor e felicidade!
Elevando-nos mentalmente,
permitindo alcançar a paz mental, podemos nos desprender, ainda que
momentaneamente, do mundo carnal que nos cerca. Uma boa música, um bom incenso,
a natureza e principalmente a paz interior nos permitem a elevação e sublimação
da Espiritualidade, que não se confunde com o mundo dos Espíritos, mas se trata
de alcançar o caminho da essência humana, de sua razão de existir, do seu eu oculto.
A percepção de que se está no
caminho certo da Espiritualidade é alcançado, ainda que no breve transe, pela
paz, pela sensação de alegria contagiante e duradoura, a verdadeira Felicidade!
Se podemos viver tantos papeis
materiais, porque não podemos extravasar e vivenciar o papel espiritual, talvez
o único verdadeiro, ligado à nossa essência e razão de existir?
O mundo material seria criação de
Deus, com toda a beleza que o planeta Terra reúne, ou seria uma criação do
Demônio, com todo o sofrimento que a vida material nos impõe, como acreditam os
Mandeus?
A vida na Terra é um experimento,
uma dádiva, um papel que vivenciamos. A nossa essência está em outro campo, em
outra dimensão muito menos bruta.
O que vivenciamos aqui é apenas
um papel. Um papel que será objeto de julgamento. A premiação não será material
nem afetará o ego. Será, conforme o merecimento, o desprendimento carnal
crescente.
Os Seres Espirituais são das mais
diversas Ordens e poderemos nos unir a eles.
E nós, como Almas (Espíritos
encarnados), podemos ter a proteção apenas de outros Espíritos ou também de nós
mesmos, enquanto seres Espirituais, ainda que encarnados?
Desconsiderar a possibilidade de
que nos protejamos (ainda que não exclusivamente) é abstrair a concepção de que
nós carregamos Espírito, uma energia que não apenas nos permite a consciência,
mas que também protege o nosso campo material. Por isso devemos sempre vigiar e
orar e também nos amarmos, como amamos ao próximo.
O mundo material surge como uma
espécie de teste para a nossa pretensa evolução no mundo Espiritual.
Mas quantos graus de evolução
teríamos que galgar até nos desprendermos da matéria como a conhecemos?