É fato inconteste o poderio da espionagem israelense, mas mesmo ela foi incapaz de evitar o ataque brutal do Hamas no dia 7 de outubro.
Também é pacífico no meio militar o poderio bélico israelense. Mas mesmo ele, mesmo sendo praticados crimes de guerra, bombardeando-se hospitais, escolas, prédios da ONU e suas agências, Igrejas, Mesquitas, matando mais de 11 mil civis, dentre eles 4 mil crianças, cortando o fornecimento de combustível, luz, água, comida, insumos hospitalares, não conseguiu vencer um grupo paramilitar, como o Hamas, em um espaço tão diminuto como a Faixa de Gaza, após 40 dias do massacre de 7 de outubro.
Somados a espionagem e as forças armadas, Israel foi incapaz de libertar os israelenses feitos reféns, inclusive matando muitos deles com os incessantes ataques aéreos e terrestres.
Se com os bombardeios Israel mostra força, também revela o insucesso de suas ações. A única coisa que as forças armadas israelenses provocaram foi o caos e a destruição de Gaza, mas não do Hamas, nem a retomada dos reféns israelenses.
Quando se diz que Israel fracassa, deve ser dito o nome do responsável: Netanyahu.
Netanyahu se afunda. Quanto mais tempo durar a guerra, mais tempo ele permanecerá no poder, mas mais se afundará politicamente perante a população de Israel. Ele diz e parece querer o contrário, inclusive que ela se alastre para o Líbano, contra a resistência libanesa denominada Hezbollah.
Se parece ser evidente o fracasso de Netanyahu, por outro isso mostra o seu desespero e medo de sumir da política israelense.
Mas não é só. Quanto mais tempo durar a guerra, pior para a economia de Israel, que já contraiu uma dívida de cerca de 8 bilhões de dólares para 40 dias de guerra. Se comparado com a dívida da Ucrânia, de mais de 132 bilhões de dólares para 1 ano e 9 meses de guerra, é muita coisa. O país europeu luta contra um poderoso exército, o russo, com centenas de milhares de militares, em uma ampla área, enquanto Israel luta contra um grupo paramilitar com dezenas de milhares de combatentes, na pequenina Faixa de Gaza.
A Ucrânia afundou a sua economia com a guerra, e Israel?
Quantas horas, dias ou meses durará a guerra? Se for contra o grupo Hamas, deveria terminar em poucas semanas, no máximo. Porém, se o Hezbollah ingressar no confronto, a guerra poderá se prolongar por longos meses ou anos, face ao poderio bélico do grupo, com cem mil combatentes preparados para o confronto.
O pequeno Líbano, onde o Hezbollah tem sede, parece não querer entrar em guerra, pois enfrenta a pior crise econômica de sua história. Mas se Netanyahu continuar os ataques ao sul do Líbano, o grupo paramilitar libanês poderá retaliar massivamente, iniciando assim um confronto mais amplo e duradouro.
Prolongar a guerra pode prolongar a permanência de Netanyahu no poder, mas afundará econômica e moralmente Israel.
Os Estados Unidos podem ajudar temporariamente Israel, mas não eternamente. Vide a realidade da Ucrânia, hoje.