A divisão de Gaza em norte e sul, por Israel pode servir a 3 propósitos, e apenas um deles é parcialmente declarado.
A Faixa de Gaza, com uma área total de 365 km², é extremamente povoada (2.106.000 habitantes) e possui uma das maiores concentrações humanas por metro quadrado (5.771,9 habitantes por km²). Cerca de 41% de sua população é de crianças (na terminologia das Nações Unidas), com até 14 anos de idade e 75% de sua população é refugiada, ou seja, historicamente a família veio de outras áreas da então Palestina após a criação de Israel.
1) DO PROPÓSITO MILITAR
Dividir a área em duas pode servir ao propósito de afastar um grande número de civis, facilitando o combate corpo a corpo dos soldados israelenses com os militantes do Hamas, mas tal medida visa, principalmente, alcançar a área em que se concentram os prédios e militantes do grupo Hamas, ao norte da Faixa de Gaza, em especial na cidade de Gaza.
2) TOMADA TOTAL OU PARCIAL DO TERRITÓRIO DA FAIXA DE GAZA POR ISRAEL
Outro propósito presumido por cientistas políticos é que a divisão de Gaza em norte e sul pode facilitar a tomada total (norte e sul) ou parcial (apenas o norte) do território palestino por Israel, que permitiria a fixação de colonos israelenses no local.
Israel pressionou o Egito a receber a população de Gaza, mas este se negou a receber. A ida dos palestinos ao Egito facilitaria a tomada da área pelos israelenses, pondo fim a esse pequenino território palestino. A destruição quase total dos prédios residenciais, hospitais e escolas ao norte da Faixa de Gaza permite concluir essa intenção de Israel, que, segundo organismos internacionais e locais, está utilizando bombas de fósforo em sua guerra genocida.
É fato que a escalada da guerra, caso venha a se expandir para outras áreas, poderá ocasionar o aumento do preço dos combustíveis (petróleo e gás).
Enquanto a guerra avança até a cidade de Gaza, com mais de 10 mil mortos só do lado palestino, Israel acaba de conceder 12 licenças a 6 empresas para exploração de gás natural na costa do Mediterrâneo (https://www.al-monitor.com/originals/2023/10/israel-hands-out-gas-concessions-bp-eni-gaza-war-drags#ixzz8IeqIQhiZ).
Porém, não é só Israel que possui gás no Mediterrâneo, parte dele exportado ao Egito e à Europa. A Palestina também possui jazidas, ao lado da Faixa de Gaza, como se verifica no mapa, descobertas em 2000. As modestas reservas de gás foram concedidas inicialmente à Britsh Gas, sucedida pela Shell, e em 2018 foram repassadas às autoridades palestinas. Embora o gás esteja localizado próximo da Faixa de Gaza, quem o controla formalmente não é o Hamas, mas a Autoridade Palestina, da Cisjordânia. Israel sempre bloqueou a exploração da área e só autorizou os estudos para a sua extração em junho deste ano (2023), menos de 4 meses dos ataques de 7 de outubro.
A desconfiança de analistas internacionais, assim como do jornalista brasileiro Pepe Escobar, é de que a divisão de Gaza em Norte e Sul sirva para Israel anexar as modestas e nunca exploradas jazidas de gás palestinas, localizadas no Mediterrâneo, mas defronte à área norte da Faixa.