É fato que a grande mídia brasileira, talvez por comodismo, talvez por afinidade ideológica, repete o enredo traçado pelas agências noticiosas internacionais e grandes veículos de mídia ocidentais.
A abordagem da questão israelo-palestina não foge da regra acima, e pouco se aprofunda na crise que perdura 75 anos, sem contar os percalços que ocorreram previamente à criação do Estado de Israel, como a tolerância britânica com o ingresso massivo de europeus e norte-africanos, desdencentes de judeus, no território então denominado Palestina e a expulsão forçada de palestinos de áreas pretendidas por grupos sionistas.
Assim, para abordar os eventos atuais, há que se levar em consideração a origem do drama palestino e a situação a que foi levada tal povo.
A barbárie é sempre injustificável, mas há que se compreender o todo para uma análise isenta. O povo palestino é submetido à opressão israelense diuturnamente e grande parte do território definido pela ONU foi tomado ilegalmente por Israel.
Os palestinos esperam pela criação de seu Estado há 75 anos, muito tempo.
É fato que os palestinos não têm um país declarado, autônomo e soberano. Também é fato que os palestinos dependem da boa vontade de Israel para quase tudo, seja para o fornecimento de energia elétrica, gás, água, combustível, importação de quaisquer produtos e até da atividade financeira, incluindo aí a entrada de recursos financeiros.
É fato que a maior parte dos palestinos vive na miséria, e não por sua culpa, mas pelo bloqueio ilegal israelense.
Por outro lado, é fato que Israel controla a Cisjordânia e exerce bloqueio a Gaza (isso após ter desocupado o território em 2005). Também é fato que Israel, violando leis internacionais e Resoluções da Organização das Nações Unidas, ocupa ilegalmente o território palestino, com exceção a pequenas faixas na Cisjordânia e à própria Faixa de Gaza, hoje invadida pelo exército israelense.
É fato que Israel não concede aos cidadãos israelenses de origem árabe-palestina os mesmos direitos à cidadania concedidos aos demais israelenses.
O governo atual de Israel é de extrema direita e muitos dos políticos dos partidos que dirigem o país pregam a morte de palestinos e árabes e a tomada de terras e casas de palestinos
Também é fato que Israel viola os espaços aéreos de países vizinhos e bombardeia frequentemente o sul do Líbano e a já combalida Síria. Além do mais, Israel invadiu e se apropriou ilegalmente de terras sírias (na Colina de Golan) e uma pequena faixa de terra libanesa. Israel, criado por ato da ONU, agora ataca frontalmente organismos das Nações Unidas e seus representantes.
Israel invade cidades na Cisjordânia, entra ilegalmente em casas de palestinos, promove a derrubada de casas em áreas palestinas e chega até mesmo a prender crianças.
Diante disso, não se é possível chamar de terrorista apenas o Hamas. O Estado de Israel, ao não respeitar as leis internacionais, os limites dos conflitos armados e as áreas palestinas, suas casas e seu povo, age como um verdadeiro Estado Terrorista, ainda que tenha as bênçãos da maior potência militar do globo e das agências noticiosas ocidentais.
Embora diga que combate o Hamas, as ações de Israel ferem de pronto os direitos e as vidas de civis palestinos, tendo sido mortas mais de 3 mil crianças na Faixa de Gaza apenas em outubro.
O ingresso do exército de Israel em área civil da Faixa de Gaza, o bombardeio de áreas civis, incluindo de prédios e de pessoal de agências da ONU, escolas e hospitais, o corte de fornecimento de água, luz e gás (que não é dada, mas vendida aos palestinos), bem como a proibição de entrada de água potável, alimentos, medicamentos e itens de primeiros socorros em área civil, cercada por militares, não deixa dúvida de que o governo de Israel não age respeitando os direitos humanitários, a legislação internacional e as decisões da ONU, mas age pela força, como fizeram diversos grupos responsáveis pelas maiores barbaridades que vimos na história.
As ações do Hamas foram típicas de terroristas, que nada respeitam, assim como o foram e o são as do governo extremista de Israel.