O ataque dos grupos militares ligadas ao Hamas, por mísseis (por ar) e com militantes armados (por terra), a Israel superou as expectativas israelenses e deixou clara à população local e ao mundo que Israel, por mais que tenha bombas atômicas, forças militares avançadas e serviços de inteligência reconhecidos mundialmente, continua frágil, não conseguindo impedir que meras milícias driblassem as forças de fronteira e invadissem Israel, um Estado armado até os dentes.
Alguns dizem que a ação do Hamas foi um aviso contra a aproximação dos então inimigos (décadas atrás) Arábia Saudita e Israel. Outros adizem ser uma ação motivada pelos acontecimentos havidos na Mesquita Sagrada de Al Aqsa.
Penso diferentemente. Imagino que a ação do Hamas beneficia diretamente um único país, o Irã. Por um longo tempo, dificilmente Israel arriscará atacar o Irã, sob o pretexto de que este busca armas nucleares, sabendo que poderá sofrer ataques tão ou menos cinematográficos como os de hoje nas fronteiras da Cisjordânia, Faixa de Gaza, sul do Líbano e Síria, ao mesmo tempo, além de muito possivelmente ter que enfrentar milícias iraquianas e as forças regulares do próprio Irã.
Sim, por outro lado a ação do Hamas fortalecerá Netanyahu, mas apenas brevemente, pois ele é o culpado pelo fracasso da Defesa e da Inteligência israelenses e muito possivelmente, por isso, poderá sofrer queda de popularidade, com a possibilidade (ainda que remota) de vir a deixar de ser primeiro ministro, passado o momento da guerra, obviamente.
As populações civis de Israel e da Faixa de Gaza sofrerão as consequencias do ataque do Hamas e da retaliação de Israel, esta que já deixou dois hospitais destruídos, um mantido pelo governo da Indonésia e outro coordenado pelos Médicos Sem Fronteiras.
É necessário que se busque a paz para poupar vidas de civis dos dois lados, como mostrou o Brasil ao convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a guerra entre o Hamas e Israel.
A omissão do Conselho de Segurança ao longo do tempo, por ação exclusiva dos Estados Unidos e o seu poder de veto a qualquer pretensão de punir Israel, também tem responsabilidade sobre o caos que vimos hoje. A não criação de um Estado Palestino, passados 75 anos da divisão da Palestina e surgimento de Israel, é um dos motivos do desastre social e econômico nos territórios palestinos cada vez menores e mais cercados, do fortalecimento de grupos políticos radicais, com ações e discursos agressivos, e do conflito que se eterniza. A paz depende efetivamente da criação de dois Estados e de ação da ONU e do seu Conselho de Segurança. Enquanto não houver dois Estados conversando de igual para igual, não militarmente, mas como países soberanos, os conflitos decorrentes do ódio recíproco se prolongarão.
A Terra Sagrada para as Três Religiões não tem sido tratada como tal pela maior parte do tempo e também pelos políticos dos dois lados em guerra, que preferem discursos e ações de ódio.