A quem é nacionalista de verdade, soa como ofensa alguém defender o governo Bolsonaro como nacionalista. Não foi. Foi, ao contrário, o mais entreguista dos últimos tempos.
Para ser nacionalista não precisa ser de direita ou de esquerda. Precisa, antes de tudo, amar o país e o seu povo, a formação da nacionalidade brasileira e pretender a prosperidade nacional e de cada nacional que aqui habita. Precisa, portanto, amar os quilombolas, as diversas etnias indígenas, os negros herdeiros dos escravizados, os descendentes dos imigrantes e também dos portugueses que aqui estiveram desde o início da colonização, ou não.
O Brasil tinha e ainda tem tudo para ser a 3ª ou 4ª maior potência do globo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Não é difícil chegar lá. Será difícil apenas se a mesquinhez e o egoísmo de parte da nossa elite e do nosso povo como um todo ainda preponderar.
O Brasil é abençoado pela localização geográfica e pela natureza. Tem solo rico em petróleo e minério, além de ter uma pecuária e uma agricultura extremamente competitivas. Também tem a Amazônia, o Pantanal, além de outros biomas importantes. O Brasil também é riquíssimo em água potável acima e abaixo do solo.
Somos uma potência quando se fala em petróleo, minério, produção agroindustrial, produção pecuária, água e oxigênio. Mas estamos permitindo a destruição dessas nossas riquezas.
As águas fluviais e subterrâneas estão em grande parte contaminadas. A Amazônia vai sendo, dia a dia, consumida por incêndios ou devastada por mineradores, pecuaristas ou agricultores ilegais.
Como nacionalistas, deveríamos proteger nossas riquezas, para que elas possam ser aproveitadas pelos nossos filhos, netos e pelos netos de nossos netos. Mas, não. Pensa-se apenas no hoje. Foi assim no governo Bolsonaro, que se calou perante os abusos contra os indígenas, os rios contaminados pela mineração ilegal e a nossa Floresta Maior, a Amazônia. Em prol de maior produção hoje, pouco se importou com o amanhã, que já chegou e pode, com o aquecimento global, diminuir nossa produtividade e, por consequência, a entrada de recursos, afetando a todos nós, inclusive o nosso abastecimento interno!
Nacionalistas se preocupam com o fortalecimento da educação, o investimento em tecnologia e a produção cultural. Tudo isso foi vetado pelo governo Bolsonaro.
Em uma época em que o mundo inteira busca chip para as suas indústrias de computadores, celulares, televisões e automóveis, dentre outros, o Brasil de Bolsonaro resolveu fechar a única empresa produtora de chip no Brasil, a estatal CEITEC - Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A., tornando-se ainda mais dependente da tecnologia internacional. O governo atual tenta reverter o fechamento.
A produção cultural foi pífia no governo Bolsonaro, quando, ao contrário, poderia incentivar a produção, da mesma forma que fazem os governos da Coreia do Sul e da Índia, propiciando a entrada de recursos no País, ao mesmo tempo em que se firma no exterior a imagem do País, algo importante para a geopolítica na qual o nosso país está inserido.
A preocupação com a economia só foi objeto de discurso vazio e de combate a uma pandemia que matou mais de 700 mil brasileiros. E, ao contrário do que pregou Bolsonaro, o combate efetivo à pandemia, com uso de máscaras, incentivo e difusão da vacinação e respeito ao distanciamento social, logo no início, nos propiciaria que a economia se mantivesse forte. Deveria, sim, incentivar a produção à distância, se possível, ou a inserção dos comércios locais em um grande banco de dados que permitisse a cada cidadão comprar de um comércio próximo de sua residência. Na era da tecnologia, era a coisa mais óbvia a fazer pelos governos das três esferas, e não foi feito.
Ver tantos militares envolvidos em esquemas de um governo que nunca defendeu o nacionalismo, mas apenas o corporativismo militar, envergonha a todos nós, sejamos de direita ou de esquerda. Nossas Forças Armadas são importantíssimas para garantir a nossa soberania e altivez, mas quando parte dela se associa a políticos, o risco à democracia se torna iminente. E quando essa parte que se associou o fez pensando unicamente em salários melhores ou outras fontes de riquezas, envergonha a todos aqueles que querem ver nossas Forças Armadas verdadeiramente fortalecidas.
Como resultado do antipetismo e do antilulismo disseminado teatralmente por Bolsonaro, temos um país dividido, beirando o tosco e ridículo. Chega!
Pensemos no país! Pensemos nos netos de nossos netos e em um Brasil gigante e que abrigue cada um dos brasileiros que cá, ou que por lá (no mundo afora), habitam.
A extrema direita é uma força que cresceu na europa, mas com ações nacionalistas, ao contrário do que ocorreu no Brasil, que entregou a Base de Alcântara, facilitou a entrada de estrangeiros, em plena pandemia, alinhou-se de forma cega à política externa adotada por Trump, pouco fez para manter algumas das maiores multinacionais no país, como Sony e Ford, dentre outras.
Os casos criminosos de apoderamento de joias que o Estado Brasileiro ganhou mostram às claras os interesses de um governo que se dizia nacionalista, mas que pouco se importou com a matança de brasileiros com atos comissivos e omissivos e que, na prática, pouco fez para manter empregos, mas que foi hábil em fazer discursos de ódio, sempre culpando as "minorias" (que são parte de nossa brasilidade), a cultura (que forma a nossa identidade nacional), a ciência, o Congresso Nacional e a Justiça Brasileira!
Um governo que age contra as instituições e o seu povo, age contra o Brasil, não tendo absolutamente nada de nacionalista. À época daquele governo houve a defesa apenas de interesses pessoais e corporativistas, o que deveria soar vergonhoso para aqueles que até então o defendiam.
Não precisamos de discursos nacionalistas, mas de propostas nacionalistas e de ações verdadeiramente nacionalistas, que engrandeçam o Brasil.
Nacionalismo jogado no vazio é o pior da política e só fez mal ao Brasil. Chega!