São Paulo resistiu aos grupos de extermínio, então chamado de "esquadrões da morte", surgido durante a ditadura militar, ao final dos anos 60, e que existiu até o final dos anos 80. Eram grupos paralimilitares, compostos por policiais civis e militares, que eram financiados por comerciantes e que matavam criminosos ou aqueles que eram simplesmente considerados indesejados.
Hoje, grupos paramilitares, chamados modernamente de milícias e compostos por agentes de segurança pública, cobram propina de comerciantes ou moradores para propiciar segurança no Centro da capital paulista e também, pasmém, para afugentar os ditos craqueiros das portas dos comércios e residências.
A criminalidade não é apenas criativa. É sem escrúpulos e retira a pouca paz que resta aos moradores de uma cidade tão complicada como está a nossa São Paulo.
São Paulo, como conhecemos, não resistirá a esses grupos. Ou os governos adotam soluções enérgicas e imediatas ou uma importante parcela do crime organizado, composta por agentes de segurança, sejam das guardas civis ou das forças policiais, deixará de atuar apenas nos serviços segurança privada e de ronda de segurança noturna e passará a dominar todo o cenário de segurança da capital, afugentando, com isso, significativa parcela do comércio, indústria e de moradores.
São Paulo não aguenta mais tanta violência e terror. O Rio de Janeiro resistiu a tamanha corrupção e ao poder da milícia porque é o principal atrativo turístico do país e um grande polo cultural. A já estressada e estressante São Paulo, mesmo sendo um grande polo cultural, industrial e de serviços, não conseguirá resistir ao crime organizado por muito tempo. A tendência é as indústrias e os serviços migrarem para outras cidades do Estado, assim como os moradores das classes média e alta.
A culpa é, em certa parte, dos governos municipais e estaduais que não seguraram seus policiais e deram liberdade para agirem quase que impunemente. Uma corregedoria eficaz e vigilante e um órgão de inteligência atuante é de grande importância em setores em que pessoas agem em nome do Poder Público e andam armadas.
A Segurança, ainda mais pública, tem que se aproximar do cidadão, como conseguiu fazer o ex-governador Mário Covas. A Polícia Militar tem que continuar a ser objeto de admiração pela população paulista, e isso exige muita disciplina. E a Polícia Civil, a nossa Polícia Judiciária, tem que ser valorizada e devidamente equipada, para resolver os crimes os mais diversos, com eficiência e rapidez.
Todos os membros de quadrilhas e de organizações milicianas têm que ser processados e punidos com agilidade e o rigor da lei.