Não há dúvidas de que a Rússia, também integrante dos BRICSs é um país geopolítica e economicamente importante para o Brasil, mas não se pode desconhecer das ligações históricas do Brasil, e principalmente dos militares, com os Estados Unidos. Não bastasse isso, o país pleiteia - de forma arriscada - participar da OTAN, o que dependerá do aval expresso dos Estados Unidos.
E Bolsonaro, que se nega a tomar vacina, terá que realizar 5 testes de covid para se encontrar com o presidente russo Vladimir Putin. Não é humilhação porque todos os presidentes, neste momento, têm que fazer o mesmo para se encontrar com o líder máximo russo. Mas causa estranheza que os terraplanistas e negacionistas não tenham visto qualquer risco de se coletar o DNA do presidente, como já o demonstrou o líder francês, e, mais ainda, do serviço secreto russo descobrir se efetivamente o presidente brasileiro tomou ou não a vacina, e quais, algo que, no Brasil, está em sigilo por 100 anos.
Bolsonaro não age necessariamente por impulso, mas muitas vezes visa agradar parte do seu eleitorado, que nesse caso específico da viagem à Rússia, em beira de um conflito militar com a vizinha Ucrânia, é a mais radical, ligada a Olavo de Carvalho e com ligações com o ex-presidente estadunidense Donald Trump.
Não há dúvidas de que Bolsonaro,
nessa viagem, quer dar uma cutucada no presidente democrata Joe Biden, tentando
mostrar uma imagem de um presidente altivo e, assim, agradar a Trump. Porém, ao
fazer isso, desagrada a todo o povo estadunidense, extremamente nacionalista e
unido quando se trata de interesses geopolíticos do país, podendo colocar a
imagem do Brasil em situação ainda mais vexatória perante a população
estadunidense e ocidental.
Bolsonaro também contraria recomendações
da ala militar do governo, preocupada com a possibilidade de ser negada a
participação do Brasil na OTAN em retaliação à viagem de Bolsonaro à Rússia.
Porém, o mais grave parece não ter
sido alcançado pela inteligência brasileira. A viagem de Bolsonaro à Rússia põe
em risco a própria integridade física do presidente.
Não é segredo que os maiores e mais
poderosos serviços de inteligência do mundo estão em alerta máximo e em ação efetiva tanto
em território ucraniano como no russo.
O risco de um incidente
diplomático em quaisquer daqueles países é enorme e a chance dos serviços de
inteligência dos países interessados e aliados utilizarem um político estrangeiro para
culparem o país rival por um possível sequestro ou atentado contra a vida
deste, ainda que apenas tentados, não pode ser desconsiderado.
Bolsonaro, de forma absolutamente
inapropriada e inconsequente, viaja à Rússia em momento extremamente delicado e
que não traz qualquer benefício ao pais, muito ao contrário. Além de colocar o
Brasil em risco, também coloca a sua integridade física em perigo.