Dizem alguns cientistas que o
Universo iniciou sem luz e sem cores e que hoje, passados mais de 13 bilhões de
anos, a cor predominante seria um bege meio sem graça. Será?
Não bastasse a mente sem graça de
tantos terraplanistas, capitalistas, fascistas, nazistas e radicais, a cor
predominante no universo ainda seria justamente o bege?
Realmente o Universo é regido por
uma inteligência suprema, talvez um tanto sádica e um tanto amorosa, que, ao
mesmo tempo em que multiplica a vida e nos brinda com a diversidade, realça em
nós o que temos de pior, a começar pela nossa incapacidade de enxergar o cosmos
e de aceitar a diversidade e a simplicidade da vida, onde basta estar e
contemplar, sem a necessidade de amealhar, dominar e ressignificar.
O Universo, por si só, é a casa,
o anteparo e o exemplo de nós, elevado à infinita potência.
No entanto, nos sentimos no
direito de decretar a existência de um Deus à nossa forma, de nos apropriarmos
de terras e espaços, de criarmos bandeiras que expressem o nosso poderio e de
não aceitarmos a existência daquilo que nos parece soar diferente. Criamos, em
nosso mundo e em nossa mente, o domínio da existência, como se fossemos não
apenas a forma da criação, mas ela própria.
E, assim, nos sentimos no direito
de dominar a natureza e transformá-la, ao ponto de quase exterminá-la, não por necessidade
de sobrevivência de cada ser que vive, mas pela ambição de um sistema abstrato
que não liberta, mas escraviza física, emocional e mentalmente o homem.
Apenas um choque civilizacional
colocaria a humanidade no rumo certo, mas de onde adviria esse choque? De nosso
próprio mundo, dominado por mentes doentias, de uma população distante e
desconhecida ou de acontecimentos que mudariam drasticamente o rumo da
civilização humana?
O horizonte, além desse bege que parece predominar, esconde muitas outras cores e possibilidades. Enxerguemos a beleza contagiante para nos transformarmos, sem a necessidade de sermos forçados à mudança pela dor. A opção é nossa.