Nenhum país ou pessoa está isento
de erros. Alguns posicionamentos podem ser infelizes. É o que ocorre com a
Rússia e a Ucrânia.
Coloco aqui, e primeira mão, um
dos motivos de ter deixado a parceria da VAMOS TV com a Ruptly, a aproximação de
sua subsidiária RT em língua inglesa com a extrema direita estadunidense*.
Não é novidade para ninguém que o
presidente russo, Vladimir Putin, tem posicionamentos extremamente
conservadores quanto à questão comportamental. A RT em língua inglesa segue tal
diretriz e, por incrível que pareça, aproximou-se dos posicionamentos
conservadores da mídia de extrema direita estadunidense, chegando ao extremo
de, na época do governo Trump, parecer ser um canal de defesa dos absurdos de
tal governo.
Se a Rússia, de algum modo,
colaborou com o crescimento da extrema direita mundial, ou não, não posso
afirmar aqui.
Porém, no conflito com a Ucrânia,
quem está utilizando métodos próximos aos nazistas são os ucranianos. Segundo o
Kremlim, soldados russos estariam sendo torturados por grupos neonazistas
ucranianos, com o aval do governo central da Ucrânia. Por outro lado, por ordem
direta do presidente ucraniano, homens com até 60 anos têm sido impedidos de
deixar o país, ou seja, o governo está criando um grande campo de concentração
para jovens e idosos, que ficam confinados em território ucraniano, para que morram prolongando uma guerra que poderia ser
curta e com poucas vítimas. E não é segredo nem para a mídia ocidental que as
redes de televisão e rádios ucranianas têm ensinado a população a fabricar
coquetéis molotov e que o governo central ucraniano têm distribuído armamento indiscriminadamente para a população, sem verificar se há ligação dessas pessoas com grupos neonazistas. Grupos neonazistas podem sair fortalecidos e, como verdadeiras milícias, conquistar regiões que poderão dificultar futuras ações ou intervenções do governo ucraniano.
Os soldados russos, ao que
parece, principalmente pelas ações que visavam a infraestrutura militar ucraniana, e pelos vídeos divulgados no YouTube e TikTok, tinham ordens expressas de evitar ao máximo a morte de civis. Agora,
com esse posicionamento do governo ucraniano, será que os russos continuarão a
recuar quando se tratar de civis ucranianos ou poderá haver massacres?
Além do que, como bem explicou um
professor de história em entrevista à CNN Brasil, a Rússia adota o sistema de
nacionalidade não territorial, mas “ius sanguini”, ou seja, pela origem
sanguínea, pela filiação. Assim, são considerados russos aqueles filhos de
russos onde quer que residam, havendo muitos russos na Ucrânia. Sob tal ótica,
diversa daquela adotada no Brasil, onde é brasileiro aquele que nasce em
território nacional, muitos cidadãos russos estavam sofrendo discriminação na
Ucrânia. A ação russa, assim, também teria visado atender a pedido de socorro de
cidadãos russos, e não somente proteger regiões que queriam se tornar
independentes da Ucrânia.
A culpa pelo início da guerra e
sua continuidade não pode ser atribuída exclusivamente a Putin. É certo que a
Rússia adentrou em território ucraniano, mas a Ucrânia provocou seguidamente a
Rússia com grupos neonazistas perseguindo a etnia russa (na verdade cidadãos russos)
e não respeitando tratados anteriormente firmados, inclusive pretendendo aderir
à inimiga militar da Rússia, a OTAN. Por outro lado, países europeus, integrantes
ou não da OTAN, e os Estados Unidos, após o início do conflito, aplicaram
sanções dolorosas à economia russa, além de enviarem armamentos à Ucrânia, o
que pode ser considerado uma declaração de guerra à Rússia, que estava e está em conflito com aquele país.
Quem olha para essa situação
narrada pela mídia ocidental pode achar que a Rússia está só, mas não. Há uma
série de pequenos países que discretamente já declararam que querem a paz na
região e que a Rússia não pode ser demonizada e apontam erros de potências ocidentais.
Se, por um lado, a Rússia deve
repensar sobre sua ação na Ucrânia, é necessário que os países parem de enviar
armamentos e recursos à Ucrânia. A continuidade desse conflito armado não faz
bem a nenhum cidadão do mundo.
Não se trata aqui de torcida, mas de alcance imediato de um cessar fogo e paz!
· A RT nas
demais línguas continua sendo progressista e a em espanhol têm maior
proximidade com as questões dos países pobres.