Um país sofrido, com fome,
miséria, injustiça, discriminação e assassinatos.
Estou falando do sofrido Brasil,
onde os negros das senzalas foram largados à própria sorte após o fim da
escravidão, estando hoje majoritariamente nas favelas e periferias.
Estou falando do Brasil de
maioria preta, onde é proibida a discriminação, mas ela é diuturna, nas batidas
policiais, nos restaurantes, no comércio, na rua e no trabalho, a quem sofre
por ter uma pele preta ou de tom quase preto.
Estou falando do Brasil que
massacrou crianças, mulheres e jovens indígenas, caçando-os e escravizando-os.
Estou falando do Brasil que fecha
os olhos para a ocupação da pouca terra indígena por madeireiros ou mineradores
ilegais.
Estou falando do Brasil que
permitiu que no Rio de Janeiro imperial chineses fossem caçados na mata, como
animais.
Estou falando do Brasil que
largou imigrantes japoneses e alemães à própria sorte aqui no Brasil durante a
segunda guerra mundial.
Estou falando de Brasileiros simples
que foram assassinados a tiros de canhão e por degola no início de nossa
República em Canudos.
Estou falando do Brasil, que tem
leis proibindo a homofobia, mas os transgressores da lei se sentem no direito
de falar e fazer o que quiserem, impunemente.
Estou falando do Brasil, país que
mais mata transexuais em todo o mundo.
Estou falando do Brasil de
maioria de mulheres, onde essas recebem salários menores e são tratadas como
propriedade e coisa por seus pais, namorados e maridos, e ainda continuam a ser
alvos de piadas machistas.
Estou falando do Brasil, que
prefere pavimentar rodovias a investir na educação de todas as nossas crianças
e jovens.
O Brasil é assim, assassino e
cruel, por culpa de parte da população e de parcela da elite, a mesma que está
no poder ou que apoia esse governo assassino, que não se preocupa com a
miséria, a fome e a morte de seu povo por assassinatos ou pela pandemia; que
subjuga o diferente; que humilha a pessoa humana por uma condição que tenta
tratar como vexatória; e que vê o outro como coisa a ser consumida, explorada
ou apresentada como alvo para o ódio próprio e alheio.
São tantos os que sofrem nesse
país. Os que passam fome, os que moram nas ruas, os que são assediados no
transporte público e no trabalho, os que sofrem preconceito pela fé, pela cor e
pela sexualidade que possuem ou ostentam. De norte a sul, do sudeste ao
nordeste, passando pelo centro oeste, todos as regiões estão impregnadas pela
cultura do individualismo exacerbado e da exclusão do outro, o que tem
atrapalhado o nosso progresso como Nação. Não nos vemos como um mesmo povo que
junto poderá construir um grande país. Nos vemos como pessoas especiais que têm
que acumular riquezas explorando o outro brasileiro. O outro não é visto como
irmão brasileiro, mas como um desqualificado e coisa que deve ser explorada. Os
brasileiros não veem o Brasil como Nação, mas como local a ser eternamente
explorado. Daí a contaminação das águas, a poluição generalizada, as queimadas
e a injustiça social tão presente.
Chegamos ao abismo moral e à
barbárie que está prestes a acabar com o pouco que nos resta de civilização.
Para o Brasil mudar não basta
exigir o cumprimento da lei, que é básico, mas a mudança de governo, que
trabalhou desde o primeiro minuto do mandato do ódio contra o Brasil e o seu
povo.
O Brasil jamais esquecerá dessa
triste fase, mas pode ter fim. Que tenha, e rápido!
Precisamos nos unir e, juntos,
mudar esse país, para que seja o lar e recanto de cada brasileiro, com respeito
à natureza, a tudo e a todos que essa terra acolheu!
Um país não se forma por
exploradores que sugam tudo o que a terra tem. Um país se forma por mulheres e homens
honrados, sonhadores e visionários. Formemos, de vez, a Nação brasileira, com
respeito ao seu povo e à sua terra!