Não ouso mais escrever sobre a vida, que parece se despedir, mas da morte, que parece estar cada vez mais próxima a cada dia que vem e que passa.
Doenças, falta de ar, dores,
ansiedade. São tantas as sensações que me aproximam desse sentimento de não
pertencimento, que já não sou mais capaz de enxergar a vida.
Ódio, intolerância, mentiras. São tantas as atitudes que negam a vida, que, eu que me sinto tão distante do viver, já não me espanto com mais nada. O que o ser humano é capaz de produzir? Desastres, mortes e desapontamentos. E hoje ele se revela, expondo toda a sua maldade e egoísmo que atraem justamente a morte.
Parece que o meu sentimento se
confunde com o destino da própria humanidade.
Mas o que é morrer? Desencarnar?
Sofrer um apagão?
Haveria lógica em termos uma vida
repleta de sofrimentos e depois simplesmente desaparecermos? Qual seria o
sentido da vida?
Se pensarmos nas ações humanas, o
sentido para a vida seria fazer maldades. Se pensarmos nos sonhos humanos,
seria alcançar a felicidade. Se pensarmos que a vida é única, seria ser, de
forma a viver com intensidade e verdade. Se acharmos que a vida não tem fim,
mas sucessivas etapas, seria um aprendizado. Se acharmos que a vida é apenas
matéria, por absoluta falta de sentido, seríamos o erro da criação e o inverso
de um ser minimamente inteligente.
A matéria parece ser a distração
da alma, para testar o nosso Eu e a nossa verdade mais íntima.
Se as espécies evoluem e se na
vida sofremos todo um processo de mutação física, pode-se concluir que a vida não
é estática e tem um propósito, mas qual?
Se sonhamos e temos sensações
extracorpóreas, por que ainda nos apegamos a um materialismo irracional que só tem
feito mal à humanidade?
A mente, que nos traz sensações,
pode nos levar a uma viagem no tempo e no espaço? Qual a relação da mente com
essa energia que vem de nosso interior?
Por que não somos capazes de
compreender que a vida exige energia para movimentar o corpo e ativar o cérebro
e que a energia, embora enfraqueça com o passar dos anos, não tem uma parada e
um fim, como o corpo que nos reveste?
Se a energia existe, embora
enfraqueça, para onde vai o que resta dela quando morremos? Afinal, essa energia se confunde
conosco?
O que restará de nós?
Consciência, energia, ossos?
De mim restarão dúvidas e certezas.
Certeza de que a vida não é só matéria, e que essa distrai a alma do humano
desatento. E dúvida para onde vou, caso não desapareça por completo, se é que se vai para algum lugar.