O que está havendo com os
Partidos Políticos?
Que o Brasil possui uma
monstruosidade de partidos políticos, no aspecto numérico e também identitário,
não há como negar!
O PDT, herdeiro político do PTB
de Getúlio Vargas, já foi o maior partido de esquerda nos anos 1980 e início dos
anos 1990, unindo pensamentos sociais democratas com o nacionalismo estatal
desenvolvimentista. Hoje o PDT luta para sobreviver, com uma bancada não muito
uníssona nas questões econômica e social. O Ciro Gomes, vice-presidente da
sigla e possivelmente o pré-candidato pelo partido, assume um papel
controverso, pois ao mesmo tempo em que tenta unir o Partido e, principalmente,
os seus representantes no Congresso Nacional em uma visão desenvolvimentista,
cria um personalismo que a médio prazo pode não ser bom à sobrevivência da
sigla, caso ela se mantenha independente, sem se unir a outros partidos.
O PT, beneficiado pelo ódio da
ditadura ao PDT de Brizola, cresceu vertiginosamente e desde meados dos anos
1990 é o maior partido político da oposição, mas deixou de ser de esquerda para
ser de centro esquerda ou até de centro, se for observado o modelo econômico
adotado, que repetiu a política econômica rentista do Governo Fernando Henrique
Cardoso (na economia, repito). Porém, sempre teve uma preocupação social e assumiu
uma importante independência no aspecto geopolítico, dando ao Brasil o status
de uma potência realmente emergente.
O PSDB surgiu grande, com nomes
relevantes, como André Franco Montoro, Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso e
José Serra. Era um partido de centro esquerda, que após a morte de Mário Covas,
tendeu ao Centro com o governo paulista de Alckmin. Hoje, com Dória e a maioria
de sua bancada, o PSDB migrou para a centro direita.
O PSB cresceu e poderia ser ainda
maior se o seu candidato à Presidência da República em 2014, Eduardo Campos,
não tivesse morrido em um acidente em agosto do mesmo ano. É um partido forte
que reúne pessoas de centro esquerda, centro e centro direita, com afinidades
tanto com o PT quanto com o PDT.
O DEM, surgiu como partido de
direita e assim continua. Manteve-se forte aliando-se umbilicalmente ao PSDB
nos governos federal de Fernando Henrique Cardoso e estadual de São Paulo.
Hoje, o DEM rachou, parte significativa apoiando o governo Bolsonaro e outra
parte buscando uma saída democrática à direita.
O governo Bolsonaro não é de
direita, mas de extrema direita. É um governo personalista que não se atém a
ideias, a não ser uma política centralizadora do poder na figura do Presidente
da República, que só por isso já não pode ser considerado democrático, e de
repúdio às questões sociais, tipicamente mais próximas da esquerda.
O PSL é um partido que surgiu
para eleger o Bolsonaro e que reuniu figuras da direita e da extrema direita nacionais
e que se não se unir ao DEM, tenderá a ver reduzida vertiginosamente a sua
bancada.
O MDB surgiu como um partido de oposição
à ditadura e sempre teve relevância na política brasileira. Inicialmente tinha
um viés de centro esquerda, migrando para o centro, após a saída de figuras que
viriam a fundar o PSDB, e hoje assumindo papel secundário na política nacional.
Nessa conjuntura, qual tem sido a maior preocupação dos mais significativos possíveis candidatos à Presidência da República?
A imprensa diz que tanto
Bolsonaro como o Lula não se preocupam tanto com a eleição de representantes do
executivo estadual, mas sim com a formação de bancadas fortes nos legislativos,
seja federal ou estadual. Se essa realmente for a preocupação de ambos, eles
estão certos. De nada adianta eleger um presidente ou governador e não ter uma
bancada que lhe dê sustentação. Nessa hipótese, dependeria de acordos ou
conchavos, correndo o risco de cair na velha política que vinha sendo adotada por
FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro e ficar refém do chamado “centrão”. Por isso, Ciro
Gomes precisa começar a pensar em fechar um acordo com partidos da esquerda ou
centro esquerda, como a Rede, o PSOL, o PC do B, PSB e do centro (ou centro
direita), como o PSD, para a formação de uma bancada significativa e coesa, sem
se esquecer dos nanicos e, numa hipótese de ir ao segundo turno, dos
representantes da direita, como o PSDB e o DEM.