Normalmente a independência de um país ocorre através de movimentos armados, civis ou militares.
No Brasil, Dom Pedro I, filho de
D. João VI, rei de Portugal, optou por declarar a independência do Brasil antes
que outros o fizessem e perdesse a oportunidade de ser Imperador do Brasil.
Se a independência do Brasil
ocorreu aos 7 de setembro de 1822, qual seria a data de criação do Exército
brasileiro?
Acredite, o Exército comemora o
dia 19 de abril como data de sua formação inicial, rememorando o dia 19 de
abril de 1648, data em que brasileiros nativos livres, leia-se indígenas e
brasileiros, e escravizados, leia-se pretos, e portugueses lutaram para
expulsar os holandeses do nordeste brasileiro, na batalha dos Guararapes. Essa
data teria dado início a uma força efetiva de defesa do território, o nosso
Exército, formado também por nascidos no Brasil, através das hoje famosas
milícias.
Ou seja, o que se chama de Exército
inicial Brasileiro surgiu antes mesmo de nossa independência, e com apoio das
milícias.
As milícias, que estiveram
umbilicalmente ligadas às forças militares de Portugal, foram fundamentais para
a formação inicial do que se denomina configuração inicial do nosso Exército.
Desde a República, o Exército,
que golpeou a Monarquia, profissionalizou-se e foi adquirindo, aos poucos, uma
identidade única.
Durante toda a nossa existência,
o Exército esteve ligado não só à defesa territorial brasileira, mas também a
intervenções políticas. Foi uma constante desde o golpe da República, em 1889.
Hoje vivemos sob um governo
civil, certo? Nem certo, nem errado. Bolsonaro foi eleito, mas é um ex-militar,
expulso do Exército por indisciplina, que se aliou à ala mais conservadora de
nossas Forças Armadas e venezualizou o Brasil.
O Brasil, assim como a Venezuela,
possui muitos militares da ativa nos Ministérios, mas ganha daquele em números.
E Bolsonaro não nega a vontade de angariar forças armadas fora de nossas Forças
federais. Ele busca apoio das policias militares estaduais e de civis armados,
criando assim uma milícia aos moldes daquela existente na Venezuela.
Se a Venezuela não é um Estado
democrático, o mesmo pode se dizer do Brasil. Caminhamos, dia a dia, a um
enfraquecimento de nossas instituições. O Supremo e o Congresso resistem, mas
até quando?
E o Exército com isso tudo? Parte
dos militares tem uma participação ativa em tudo o que ocorre na política
brasileira da atualidade, comandando diversas pastas e emitindo notas políticas
em nome da própria Força, o que causa espanto em muitos militares legalistas integrantes
das Três Forças Armadas.
Essa mistura entre Forças Armadas
e política não tem feito bem ao Brasil, à política nem ao Exército. A crise
atinge não só o Brasil, mas o Exército e a própria política.
O Exército, com o fracasso de
Bolsonaro e de ministérios comandados por militares, além da corrupção apontada
a alguns militares integrantes do Executivo Federal, tem caído no conceito da
população brasileira e não é nada bom nem para a força nem para o Brasil e sua
integridade territorial.
Esse enfraquecimento moral do
exército fortalece forças paralelas, seja de alas das polícias militares, seja de
milícias ligadas ao crime organizado, que estão ligadas a Bolsonaro e seu
conservadorismo.
Chegou a hora do Exército mostrar
sua força e afastar-se da política e de Bolsonaro, garantindo a paz e a
formação territorial de nosso País.
O positivismo tradicional do
Exército está em risco, assim como o seu próprio futuro.