Uma matéria veiculada no jornal Folha de São Paulo hoje, domingo, aborda a questão central do machismo no impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.
Nunca tive dúvidas disso. Ela não caiu simplesmente por supostos crimes, mas por um ódio à mulher, representada por ela, e pelo pobre, representado por Lula, que se empoderavam. São ódios existentes às claras na sociedade brasileira.
Não digo que não haja ódio e preconceito ao preto, mas como as figuras mandamentais do Brasil à época eram Dilma (então presidente) e Lula (um popular ex-presidente e figura de peso do partido então governista), o ódio era contra a mulher e o pobre que se empoderavam.
A campanha de ódio lançada ao PT, pelos alegados desmandos, é até compreensível psicanaliticamente, mas não o ódio a uma personagem séria, como era a ex-presidente Dilma, embora seja questionada a sua competência no gerenciamento do Brasil em meio às crises havidas. Bolsonaro é até mais incompetente, ainda, mas o machismo dos extremistas e daqueles que não o são o protege.
Os adesivos de Dilma de perna aberta, colados no tanque de combustível em muitos veículos, demonstravam já àquela época, mais que um repúdio político, um machismo vil, repugnante e desavergonhado.
E assim a sociedade se dividia entre aqueles que se julgavam superiores moralmente e podiam ser imorais e aqueles que eram taxados de pouco éticos e eram alvo do maior linchamento político que o Brasil já assistiu, tão grave quanto aquele praticado anos seguidos contra o ex-presidente Getúlio Vargas, o líder que fez com que o Brasil fosse o país que mais crescia no mundo, mais que a China, hoje. Por 50 anos seguidos, de 1930 a 1980, o Brasil foi o país que teve o maior crescimento econômico do mundo, mais do que a China teve nos últimos anos. A elite egoísta não gostava dele, ainda que o Brasil crescesse como nunca economicamente, simplesmente porque o pobre, em razão do progresso do Brasil em todos os campos, econômico, cultural, social, ascendia.
O Brasil é profundamente histérico, ainda que momentaneamente silencioso.
O Brasil é profundamente discriminador e repleto de ódio contra o pobre, o preto, o imigrante sem condições econômicas, a mulher e as próprias crianças, embora tente transparecer ser tolerante.
Você não lerá em lugar algum que há ódio contra crianças e isso pode parecer exagero da minha parte, mas não é. Entenda. O pouco caso em relação à escolarização, à dignidade das crianças pobres e ao futuro do país, mais que um sentimento egoísta e apropriador de parte significativa da classe dominante, representa o ódio às crianças pobres, travestido de desprezo e desconsideração e, por consequência, é um pouco caso em relação ao próprio futuro do país. Por isso o ódio não pode ser visto simplesmente à criança que é pobre, à criança que é menina, à criança que é preta. É um ódio em relação ao próprio futuro, pois a criança nunca é vista como gente, muito embora a lei diga o contrário, que é sujeito de direitos.
Ou seja, desde o princípio, parcela de brasileiros é desconsiderada. É algo seríssimo. Repito. O ódio não é simplesmente à figura da mulher, do preto e do pobre. É da criança da periferia que engloba e absorve todos os símbolos alvo do preconceito. As crianças miscigenadas da periferia das grandes cidades são o símbolo maior da nacionalidade brasileira, como o sertanejo. E enquanto não for trabalhado esse ódio de frente e de forma séria, o Brasil nunca terá um futuro digno ao seu povo, sendo terra de oportunistas, políticos e de falsos empresários que pouco se preocupam com o país, sua gente e seu futuro. O ódio foi e é contra a própria formação do Brasil e o que ele representa no aspecto de nacionalidade.
Essas pessoas poderosas repletas de ódio ao que o Brasil efetivamente é, e que se veem moral e etnicamente (de etnia) superiores, nunca deixarão de conspirar contra o Brasil e utilizarão o país para o seu enriquecimento inconsequente, custe o que custar, como se fosse uma terra sem lei ou que sequer devesse ser respeitada. O atual governo representa justamente esse grupo discriminador e apropriador, que pouco se importa com a essência e a nacionalidade brasileira. Eles querem tudo, desrespeitando as mulheres, os pretos, os pobres, os gays e as crianças, sempre vistas como objeto. Psicanaliticamente equiparam-se a pedófilos que não usam o corpo em si, mas a essência, a alma, das crianças em seu próprio proveito. São doentes que degeneram o país, o povo e o próprio sentido de Nação.
Já passou da hora de mudar tudo isso, para que o Brasil de nossos filhos e netos seja mais próspero, justo e digno!