Não é demais pensar em um paralelo da Guerra de Canudos com o que vivemos hoje, até porque a República nunca resolveu os problemas originários de Canudos, como a fome, a falta de oportunidades aos desassistidos de cidadania, o uso indevido do Exército e a pouca importância das elites para a formação racial e cultural de nosso povo. As heranças da Guerra estão aí, acrescidas das favelas, mesmo nome dado ao morro onde se avistava o Arraial de Canudos, na verdade a segunda maior cidade da Bahia à época.
A mesma fome e falta de
oportunidades que deram ensejo à formação do Arraial, persistem hoje. O mesmo
Exército manipulado pelo poder contra brasileiros, continua a existir hoje,
atualizado por esse Governo que chama de “Meu Exército”, quando deveria ser da
Nação brasileira, de todos nós, para todos nós e por todos nós, como pensam
acertadamente muitos dos seus Comandantes. A degola anteriormente praticada, pode
vir a ser reiterada, com outro nome, por esse governo que cada vez mais se
amolda à forma de Ditadura e com odor de extermínio.
Os líderes dessa massa de
excluídos já não será um Beato, mas talvez um líder comunitário. Os líderes
religiosos, hoje, salvo raros casos, estão sedentos por poder e dinheiro e
renderam-se aos poderosos e não pregam por amor e solidariedade, mas por
dinheiro, preocupando-se mais por fundos dos palácios a que chamam de Igrejas do
que por vidas a serem salvas.
Os jornalistas que ao cobrirem a
Guerra de Canudos se depararam com a realidade de dois Brasis, são os mesmos,
hoje, que se deparam com a violência e o escracho do governo federal, que
fantasia transformar o Brasil em um grande latifúndio repleto de milicianos e
atividades ilegais que atuam contra o próprio Estado.
O Brasil de hoje cada vez mais se
aproxima à realidade de 1896 e 1897.
Foram dois anos de Guerra, como
são esses dois anos desse governo. Foram anos de massacre, como ocorre hoje.
A degola que pôs fim à população
da velha Canudos não tem mais vez, hoje, porque tudo se torna visível, ao
contrário do que ocorria àquela época, que se escondia do público em um
longínquo e desconhecido ponto do enorme sertão brasileiro.
Mas os sobreviventes da degola
talvez tenham o mesmo fim. Ou reconhecem esse governo e se amoldam à pequena
massa de manipulados, ou serão levados à morte ou à prostituição e adoções
ilegais que o Brasil não quis ver.
O Brasil, passados 125 anos, não
mudou! Continua injusto com o seu povo e a sua massa de brasileiros no sentido
exato da palavra, mestiços, culturalmente ricos e cheios de fé por encontrarem
a terra prometida, hoje proibidas para eles.
O Brasil de hoje é a Canudos de
125 anos atrás, salvo poucas diferenças!