quarta-feira, 3 de março de 2021

TRAIÇÃO À PÁTRIA!

Nasci durante a ditadura (1964-1985) e conclui o curso de direito no ano da derrubada do muro de Berlim (1989).

Me formei e fiquei um ano sem conseguir emprego, devido ao plano Collor que arrasou a economia do país (1990).

O meu primeiro emprego como advogado eu consegui com o fim da União Soviética (1991).

Todas essas foram datas emblemáticas para mim, mas nunca vivi período tão difícil como agora. Preços diariamente crescentes dos alimentos, gás, luz, combustíveis, aluguel, roupa; retorno da inflação; desemprego; crise econômica maquiada; grave desindustrialização (agravada com a saída da Ford e da Sony); dependência do agronegócio; crises ambientais; crise no SUS; mais de 255 mil brasileiros mortos; guerra declarada contra o serviço público.

Logo que Bolsonaro assumiu a Presidência da República tive uma visão que me assustou, não só porque nunca havia tido uma percepção semelhante, mas também pelo o que vi. Ele e os seus filhos estavam sendo assassinados em nome do Estado, naquilo que se chama de pena de morte estatal. Nunca havia compreendido essa visão e achava que se tratava de devaneio. Contei-o a apenas duas pessoas, e hoje, como se percebe, se torna público.

Pela Constituição Federal, a pena de morte somente é cabível se houver traição em guerra declarada (artigo 5º, inciso XLVII, "a", da C.F.) e receava que o Brasil entrasse em uma guerra com a Venezuela, até que chegou a covid-19 em terras brasileiras, uma guerra atípica, mas declarada desde o início.

Não pretendo e não desejo ver ninguém assassinado, ainda mais pelo Estado, mas não podia deixar de citar a espécie de visão que tive logo nas primeiras horas do governo Bolsonaro. Queria entender o que aquilo simbolizava e tinha medo por conta de toda a carga de energia que aquilo continha.

O fato é que o país talvez não viva um desgoverno, mas um governo com um objetivo: o de destruir as bases do país e retorná-lo à era do Brasil-colônia, agora sob a batuta dos Estados Unidos.

Estamos perdendo posições importantes, tanto na economia quanto na saúde. Caímos da 6ª maior potência econômica para 12ª. O SUS, um programa de saúde invejado internacionalmente, está prestes a entrar em colapso por inação proposital do governo federal.

A nossa cultura, símbolo maior de nossa brasilidade e símbolo de nossas etnias em uma só nação, está relegada ao último patamar, com desinvestimento e desestruturação proposital.

A hierarquia de nossas Forças Armadas, base da defesa de nossa independência, está ruindo face às medidas adotadas pelo governo federal, como pretensão de criação do generalato nas polícias militares, no armamento desenfreado de pessoas e grupos e na criação de desavenças internas nas corporações militares.

Nunca vi um Brasil tão sem esperança e fé. Nunca vi tantas mortandades. Morrem mais brasileiros do que se viu em todas as guerras somadas das quais os Brasis colônia, império e república participaram. Em um ano morreram mais brasileiros na guerra contra a covid-19 do que em todas as guerras de nossa história nesses 521 anos.

Não vivemos um desgoverno, mas um governo entreguista e que entrega não apenas nossa economia, com a desindustrialização descarada, carestia, inflação e desemprego, mas a nossa liberdade, com o que temos de mais preciso, como a nossa cultura e a nossa ciência e o nosso povo.

Militares nacionalistas que existem aos milhares se silenciam face à autoridade de um comando que trai a Pátria. O Brasil está sendo traído, calando-se a ciência e a cultura, e o povo brasileiro está sendo entregue à morte aos milhares apenas pelo ideal de poder e de conchavos de interesse de um único homem e de sua família.

Até quando o Brasil suportará tamanha traição à Pátria? Que se manifestem os grandes e corajosos brasileiros que ainda existem e resistem aos milhões.

A ética nunca suportou a falta de decoro do pretenso líder e os pequenos deslizes éticos que sempre praticou. A honradez nunca pode admitir a falta de educação do pretenso líder. A fraternidade, símbolo maior da cristandade e de religiosidade, tenha ela a denominação que queira ter, não é capaz de calar-se perante as centenas de milhares de mortos em razão da inação na compra de vacinas e insumos, na responsabilidade pela indicação de medicamentos sem efeitos contra a covid-19 e no descaso em promover aglomerações e o não uso de máscaras protetoras. O próprio incentivo à compra de diversas armas e projéteis simboliza ação contra o princípio básico de amar ao próximo esculpido em qualquer religião ou filosofia.

Chega! Chega de mortos! Chega de assistir à ruína do país calado e de braços cruzados! Chega de ver um grupo de traidores arruinando o país e entregando-o sem resistência. Chega de traição à pátria! O Brasil não pode mais suportar silente a ruína que lhe vem sendo provocada.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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