O que está havendo no mundo?
A pandemia do COVID-19
está fazendo com que autoridades determinem medidas sanitárias, desde o uso de
máscaras à proibição de saída de casa, salvo exceções devidamente autorizadas
em lei. O fundamento científico utilizado pelos governantes é evitar a
circulação do vírus, e assim diminuir o número de infectados e de mortos.
E em razão disso temos
visto na Europa, Austrália, Estados Unidos e América Latina diversos protestos
contra o uso de máscaras, a vacina anti-covid-19 e a medida mais drástica, chamada
de lockdown, que é a restrição de saída para as ruas.
Alguns dos manifestantes
sustentam que os protestos são contra o que chamam de autoritarismo do governo.
Será, realmente,
autoritarismo? E quem convoca essas manifestações teria interesse político
nesses protestos?
Como vemos nas imagens, a
maioria dos manifestantes não usam máscaras e, embora às vezes não manifestem
violência física, não o fazem de forma verdadeiramente pacífica, mas com discursos
repletos de verborragia virulenta, com ataques e incitação ao ódio, seja a
políticos, etnias e países, como tem ocorrido no Brasil.
No ocidente, muitos
erroneamente acham que usar máscaras fere um direito individual, assim como o
lockdown afetaria o direito à livre circulação. E quem defende isso normalmente
também adota o discurso de que a Constituição só confere direitos e deveria ser
modificada para que fossem impostos deveres.
Infelizmente, o discurso
desses oportunistas é para uma grande massa de manobra, já cansada com a
pandemia e os efeitos sociais e econômicos segregadores.
A Constituição Brasileira
garante direitos, mas também impõe obrigações por diversas vezes, seja no voto
obrigatório, seja no alistamento militar obrigatório, seja nos deveres da
família e da sociedade na proteção das crianças, seja na responsabilidade coletiva
pela segurança pública e em tantas outras questões, e por isso é chamada de
cidadã, tornando o povo brasileiro mais responsável pelo seu destino, pela
comunidade e pelo próprio país, tornando-nos cada um de nós cidadãos.
E não bastasse prever
inúmeras responsabilidades e obrigações, a Constituição ainda escalona valores,
dando primazia à vida, em detrimento de outros valores também consagrados.
Na verdade, esses
protestos chamados de populares revelam o egoísmo crescente, que ultrapassou o próprio
individualismo, a desconsideração com as outras pessoas e a pouca importância à
saúde e à própria vida das pessoas integrantes das comunidades e sociedades.
Esses movimentos caracterizam-se por serem egoísticos, anti-sociedade e
anti-ciência.
A grande maioria dos
protestos é incentivada por grupos de extrema direita e apoiada explicitamente por
políticos regionais ou nacionais, com claros interesses eleitoreiros.
Esses grupos radicais de
extrema direita, a que muitas direitas locais aderiram, não se preocupam com aspectos
sociais e econômicos, muito pelo contrário. Se a economia do país afundar ou se
pessoas morrerem, isso pouco lhes importa. O que lhes interessa é promover o
discurso de ódio, inflamando assim a população contra grupos políticos localmente
dominantes.
Como se pode ver pelas
imagens, nesses protestos a maioria das pessoas não utiliza máscaras,
desrespeitando normas legais e, mais que isso, o próprio respeito aos demais
cidadãos de não correrem o risco de serem contaminados. É o individualismo
transfigurado da pior forma para o egoísmo sórdido.
Nos países asiáticos,
principalmente Japão, Coreia e China, as populações já acostumadas a respeitar
os demais cidadãos, utilizam espontaneamente as máscaras e aderem sem protestos
às políticas de não proliferação do vírus, em respeito à cidadania, tão repleta
de direitos, mas também de deveres.
O COVID-19 ajudou a
revelar que até por detrás de questões de saúde há discursos que não visam
proteger valores fundamentais do ser humano, mas que visam alcançar interesses
e objetivos políticos e de poder de pequenos grupos.
Na mesma luta pela vida e
pela cidadania, também lutamos pela sobrevivência de nossa sociedade.
Aos que se opõem a
respeitar o próximo e a saúde coletiva, como no simples dever de usar máscaras em locais de acesso público, deveriam ser aplicadas, com rigor, as
penalidades previstas em lei, em prol da cidadania e da própria defesa da vida.
A omissão das autoridades está permitindo que o ódio pela ação individual e coletiva se alastre para muito além das pequenas ações e dos discursos, destroçando a estrutura da sociedade e o maior valor a ser respeitado, o da vida humana.