O Brasil entre uma encruzilhada e
o governo Bolsonaro se verá compelido a fazer mudanças!
O governo Bolsonaro pode perder em
questão de poucos dias o seu principal aliado, o presidente Trump, e, ao mesmo
tempo, ver diminuído o seu comércio com a China, reflexo direto das críticas e
das falas agressivas do governo ao maior parceiro comercial brasileiro, que,
numa tentativa de se tornar menos dependente de alimentos do Brasil, já está
comprando mais soja da Tanzânia e da Argentina.
O Brasil pode sofrer graves
prejuízos econômicos por se voltar menos ao Mercosul, à África, aos países
Árabes e, principalmente, à riquíssima China, com ataques ideológicos ao maior
parceiro comercial do país. E menos comércio pode significar menos dinheiro, menos
produção e menos empregos, ou seja, crise econômica.
Politicamente, o Brasil, já
distante da América Latina, da África e da Europa, pode se isolar ainda mais
com a derrota de Trump, o que implica não apenas em menos prestígio e
confiança, mas menos parcerias econômicas, o que é péssimo para o país. Ainda
que o real tenha sofrido a maior desvalorização de todas as moedas estrangeiras,
o que, em princípio, permitiria torná-lo mais competitivo nas exportações, tal
fator não está sendo capaz de aumentar significativamente as exportações
brasileiras.
Fica evidente que o governo
Bolsonaro será pressionado pelo setor exportador, principalmente pelo
agronegócio, para que adote uma postura mais aberta ao diálogo.
Porém, uma ala do governo pode
pressioná-lo a ser menos ideológico. Estou falando da ala militar do governo,
que é bem expressiva.
Os militares são conhecidos pelo
seu pragmatismo e não deve ser fácil para eles presenciar o isolamento
político, o distanciamento da maior potência militar e econômica do planeta, os
Estados Unidos, e, ao mesmo tempo, o distanciamento e o esfriamento das
relações com o maior parceiro comercial, a China.
Aos militares brasileiros não soaria
e não soará bem o isolamento diplomático do Brasil.
Depreende-se daí que o governo
Bolsonaro tenderá a ser menos ideológico, talvez até mudando ministros chaves
dessa ala, tendendo a se aproximar cada vez mais do velho centrão, tão
conhecido pelos históricos de corrupção.
Como Bolsonaro pensa com o fígado,
será difícil fazer um prognóstico com grande precisão, embora a lógica indique
que de duas uma: ou Bolsonaro se afastará cada vez mais da ala ideológica de extrema
direita ou os próprios militares poderão deixar de apoiá-lo, com renúncia de
grande parte dos integrantes da ala militar, o que refletirá no Congresso
Nacional, com a possibilidade de recebimento e de aprovação de processo de
impeachment.