Vamos retroceder no tempo.
Voltemos às eleições de 2016.
Trump ganhou as eleições com o apoio da mídia de extrema direita, como a Fox
News, e com o apoio da RT para os Estados Unidos, financiada pelo governo
russo.
Aliás, os democratas dizem desde
o início que Putin havia apoiado Trump em 2016 e que hackers russos haviam invadido
os e-mails de Hillary Clinton.
Foi nessa eleição que a internet
ganhou força espetacular, assim como o Whatsapp, o Instagram, o Facebook e o
Twitter, bem como as Fakenews, tão frequentes e preocupantes aqui no Brasil.
A tecnologia de fakenews é
realmente estadunidense? Eu tenho cá as minhas dúvidas.
Retornemos aos tempos atuais.
Você já parou para pensar no
motivo de não apenas órgãos de imprensa da extrema direita, mas dos antigos meios
comunistas soviéticos, como a Sputnik e a RT, atacarem atualmente Joe Biden, em
defesa de Trump?
Quais são os interesses russos de
ajudar um suposto “nacionalista” radical estadunidense?
Os democratas veem a Rússia como
uma poderosa e perigosa adversária militar e a geopolítica que traçam é para
isolá-la, mas isso não significa que morram de amores pelos chineses.
Já o governo Trump, com os
republicanos radicais, vem demonstrando que as suas ações são para isolar a
China, que vê como adversária econômica e também militar. E nisso acaba por não
sufocar a Rússia como o fariam os democratas.
Você deve estar se pensando na
loucura que é a extrema direita estadunidense se aliar aos ex comunistas
russos, mas é a realidade. Será que os extremistas de direita brasileiros conhecem
essa realidade?
Mas os russos estariam pensando
apenas nessa migalha de não ser tão sufocada ou teria algo a mais?
Pense nas características do
governo Trump: centrado em si mesmo e nos países subservientes, desprezo pelos
parceiros europeus, contenda com a China, saída de órgãos multilaterais, posturas
xenófobas e radicalismo contra ativistas.
Essas ações de Trump são
aplaudidas pela extrema direita, tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil, mas
os efeitos já estão sendo perversos àquele país e também ao mundo.
Os Estados Unidos estão perdendo
importantes parceiros em prol da Rússia, como França e a Alemanha, por razões
econômicas.
Os Estados Unidos estão em
conflito com o maior credor da dívida estadunidense: a China, o que pode criar
um caos financeiro e econômico nos Estados Unidos e no mundo afora.
Os Estados Unidos estão cada vez
mais divididos entre os racistas e aqueles que se sentem discriminados, a
extrema direita e a crescente extrema esquerda, os bilionários e os miseráveis,
os que pensam em um Estados Unidos aliado de países desenvolvidos e os que
querem os Estados Unidos isolados em si mesmo.
E essa situação já está proporcionando
fatores para o agravamento da crise econômica mundial, uma divisão social e
política crescente nos Estados Unidos e, em um país confederado, como o são os
Estados Unidos, e com tantas diferenças econômicas entre os entes confederados,
a própria desintegração territorial pode não ser uma possibilidade tão absurda e
remota assim.
Quem ganha com isso? China, Irã,
Coreia do Norte, o Brasil ou a Rússia? O Brasil com certeza, não. A China, por
depender das negociações com os Estados Unidos e ser grande credora da dívida
desse país, sofreria uma séria e duradoura crise, mas ainda com chances de
ocupar em pouco tempo a primeira colocação como potência econômica. A Coreia do
Norte e o Irã, por passarem a não ter mais o seu grande inimigo, capaz de
unificar o país e calar a oposição, tenderiam a sofrer mudança política. Quem
ganha é o País que restou, a Rússia.
O governo Trump interessa à
Rússia por uma série de motivos. O primeiro é que não seria tão alvejada e
teria condições de movimentar, ainda que sob sanções e um pouco de pressão, a sua economia. Ainda, com o previsível
desfecho econômico proporcionado pelo desastroso governo Trump, a moeda russa
sofreria valorização e o poderio militar russo passaria a ter um poder ainda
mais considerável com o enfraquecimento econômico e o próprio isolamento criado
pelos Estados Unidos.
Trump pode ser bom para os
russos, mas é péssimo para os Estados Unidos e para os países ocidentais.
O Brasil, latindo alto ao lado de
Trump, mas com o rabo entre as pernas, tende a perder, e muito. Perde
parceiros, perde mercados, perde influência e, obviamente, perde fluxo de dinheiro
para o Brasil.
Com Trump, quem perde também é a
estabilidade econômica e financeira mundial.
Os Estados Unidos poderão ruir
economicamente ainda mais rapidamente com Trump e isso poderá ser um perigo
para o mundo. Um governante desesperado pode chegar a pensar em utilizar o seu
poderio militar, inclusive atômico, para tentar reverter o caos criado.
A história mostra que já houve a
utilização de armamentos atômicos, por duas vezes. E o mesmo país que já os
utilizou contra o Japão poderá vir a usá-los contra China, Rússia, ex parceiros
ou grupos de países, para tentar proteger o seu poderio imperial.
O risco de um conflito militar
atômico existe e é ainda maior, muito maior, com Trump.