O Brasil vive momentos complexos e complicados nos aspectos político, social e cultural.
Nessa luta ideológica travada pela extrema direita que ocupa palanques e Ministérios, visa-se destruir o controle direto e imediato do Estado, que é feito de forma direta pelo funcionalismo público, integrado por pessoas da população que ingressaram por meio de concurso público e não por indicação política.
O funcionário público, que representa de forma direta a população no Estado, e que vê as ações dos políticos e as limita na forma da lei, passa a ser tratado como vilão e é o alvo de políticos e ativistas integrantes do centro, da direita e da extrema direita política do país.
Se há excessos, que sejam contidos, sempre na forma da lei. Mas não. O interesse não é conter os excessos de setores que muitas vezes se silenciam. Há interesses perigosos ocultos por discursos populistas que muitas vezes são propagandeados por uma mídia política e socialmente inconsequente.
Os concursos públicos foram uma conquista democrática, trazida por um presidente não tão democrático, mas que teve a altivez de iniciar a formação de um Brasil minimamente civilizado, Getúlio Vargas.
Hoje, a terceirização no serviço público e o ataque direto aos servidores revela o desmonte que se pretende fazer não só do corpo de funcionários públicos, mas da força das próprias instituições que compõem, formam e controlam o Estado.
Não há ação mais devastadora do interesse público que a colocação de terceirizados, muitas vezes apadrinhados políticos, para exercer funções que deveriam ser assumidas pela regra democrática e seletiva do concurso público.
E não há ação mais degradante aos que necessitam de apoio e orientação do Estado que a ausência de servidores.
Mais. E aí está o perigo. Enfraquecendo-se o funcionalismo, enfraquecem-se a estrutura de fiscalização e as próprias instituições, que estarão prestes a ruir perante os políticos populistas de viés antidemocrático.
O silêncio dos não tão inocentes que deveriam fiscalizar os poderes pode colocar a nossa jovem democracia em risco.
A Constituição é atacada por todas as frentes. Os direitos sociais já o foram e continuam sob ataque. Agora é o Estado brasileiro como um todo sob ataque direto.
O risco ao Estado e à democracia são patentes. Só os míopes ou alucinados não veem.