A meditação, a religiosidade e o altruísmo viraram propaganda para egos sem limites.
Discussões políticas entre esquerda e direita servem para defender pensamentos ou a falta deles e o ego de quem levanta a bandeira partidária ou discussões onde a última coisa que importa para os radicais, não importando o lado em que esteja, é o ser humano.
Vivemos em tempos onde não há mais o abraço, o desabafo, a leitura, a poesia, a arte, o olhar e o sensibilizar. Tudo o que revela sensibilidade foi trocado por fotos, sorrisos, viagens e a propaganda de si mesmo em páginas sociais.
O abraço foi trocado por uma mensagem de whatsapp.
Cartas já não existem mais e até os nem tão velhos emails seguem o mesmo caminho.
O humor não visa engrandecer o pensamento e o raciocínio do receptor da mensagem, que envolve o que chamamos de inteligência, mas dar vazão ao pior sentimento que se pode ter: o ódio e o menosprezo com palavras de baixo calão e a desconsideração da pessoa humana.
A diversão não é mais estar presente a um nascer ou por do sol, mas o postar, o mostrar que se está, quando na verdade a alma e o espírito estão presentes vivenciando a repercussão na página social.
O jornalismo já não é jornalismo. É assessoria de imprensa.
Os jornalistas, sempre críticos, que estudavam e investigavam o tema, foram substituídos por youtubers que amam falar e revelar não só falta de conhecimento, mas de civilidade, tudo em prol da fama em decorrência da polêmica que se cria. E a sociedade como um todo, imitando esses famosos, está a levar o Brasil e o mundo ao caos.
Até políticos, não só no Brasil, mas em diversos cantos do mundo, se elegeram graças às páginas sociais, ao youtube e à polêmica que lhes deu popularidade e votos.
O ser humano inverteu os valores passados pelos nossos ancestrais e revela insensatez, idiotice ou, o que é pior, a insensibilidade com o passado, o presente e o futuro e a insensibilidade com o outro ser humano, próximo ou distante.
O ser humano já não se preocupa mais com a história que será escrita, mas com o que poderá usufruir no momento.
Retrocedemos como civilização e colocamos em risco as características que nos permitiram chamar de humanos.
Não são os robôs que nos desumanizarão. É a idiotice, a insensibilidade e a insensatez.
Que haja o milagre do avanço dos tempos, para que este momento da história jamais seja recordado e que "esse agora" se torne um risco a ser apagado da história da humanidade, em prol dos nossos ancestrais e daqueles que virão a ocupar o nosso lugar no espaço e no tempo.
E pensar que escrevi isso pensando no Mestre e jornalista Paulo Henrique Amorim, de baixa estatura física, mas de alta envergadura moral, um dos jornalistas mais ácidos e afiados do nosso tempo e cuja crítica bem humorada e inteligente fará muita falta. Ele, como tantos outros intelectuais e de espíritos críticos, não suportou viver em tempos de tanta mediocridade.
Que venha a nós o futuro!