1989 foi um ano marcante no Brasil e no mundo.
Foi o ano das eleições democráticas no mundo da Cortina de Ferro (grupo de países sob o mando soviético) e o ano da vibrante queda do Muro de Berlim. As pequenas revoluções ocorriam de forma pacífica e emocionante.
Foi o ano em que o Brasil, logo após a Constituição Cidadã de 1988, voltaria a eleger um presidente da República pelo voto direto. Havia muitos candidatos bons, como Brizola, Mário Covas e o próprio Lula, mas quem ganhou, embora inexpressivo nacionalmente, foi ajudado pela mídia que conhecemos, Collor que, sem proposta, apontava os funcionários públicos como os vilões do país.
Hoje, passados 29 anos, as coisas não mudaram muito. Há pré candidatos com bom preparo, como Ciro, Lula, Manoela e o próprio Alckmin, mas também muitos oportunistas, como Bolsonaro, Collor Meirelles e Rodrigo Maia. A mídia já elegeu o seu candidato, será da chamada centro direita, seja ele Alckmin, Huck ou o Henrique Meirelles. Bolsonaro, Lula, Ciro e Manoela serão execrados pela grande mídia, Alckmin, que sempre teve um discurso mais conciliador, não será o preferido da grande mídia nacional, que prefere os que têm um compromisso claro com o sistema financeiro.
A mídia tem defendido os candidatos de sempre, ligados ao toma lá dá cá que massacra a política e a democracia brasileira com o sistema de corrupção escancarado pela Lava Jato. Esses candidatos estão a serviço de interesses pessoais e aos interesses internacionais. Nunca valorizaram a industrialização do Brasil, o desenvolvimento do nosso parque tecnológico e pouco menos a educação de qualidade do povo brasileiro. Se preocupam apenas com a venda de ativos do governo, de nossas indústrias de ponta, para o grande capital estrangeiro. O dinheiro arrecadado não é investido em educação e saúde, mas se perde entre os acordos dos aliados.
Em 2018 teremos os candidatos voltados ao crescimento econômico, reindustrialização, investimentos sociais, especialmente em educação e saúde, uns um pouco mais à esquerda, outros nem tanto, contra os candidatos que se intitulam como de centro, direita e extrema direita que defendem as instituições financeiras e os grandes grupos internacionais, numa repetição do ano de 1989.
Mas, enquanto em 1989 o horizonte do mundo brilhava com a liberdade e a derrubada de muros, em 2018 fala-se como nunca em barricadas, cercas, divisórias, paredes e muralhas, seja entre o México e os Estados Unidos, entre Israel e a Palestina, entre o território ocupado pelo Marrocos e o Saara Ocidental, entre muitos países europeus para evitar o trânsito de refugiados ou entre os bairros nobres e as favelas cariocas.
2018 não tem o brilho de 1989 nem a esperança da liberdade. Nos resta apenas a dor. Com ela, pode-se buscar a verdade, muitas vezes dolorosa, mas necessária, ou, o remédio que é vendido como solução, mas que logo evidencia causar efeitos colaterais devastadores, os mesmos que nos têm deixado em coma desde a concepção do Brasil como país.
Não há solução fácil. Há solução necessária que deve ser adotada sem hipocrisia. A responsabilidade pelo Brasil é de cada brasileiro.
A discussão não está, como quer a mídia, entre direita e esquerda, mas entre propostas de desenvolvimento tecnológico e industrial contra os candidatos que representam o entreguismo que nos têm eternizado como colônia de exploração.