VISA-SE APURAR AS CIRCUNSTÂNCIAS REAIS DA MORTE DO EX-PRESIDENTE
foto: Valter Campanato, da Agência Brasil
São Paulo – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, Maria do Rosário, anunciou hoje (16) que a exumação do corpo do
ex-presidente João Goulart será realizada em 13 de novembro. O procedimento
deve-se a dúvidas sobre a verdadeira causa da morte de Jango, em 6 de dezembro
de 1976, na Argentina, aos 57 anos. Oficialmente, o motivo foi um ataque
cardíaco, mas há suspeitas de que ele teria sido vítima de envenenamento.
“Estamos em plenas condições de realizar este procedimento em
busca da verdade”, afirmou a ministra, que se reuniu hoje com Christopher
Goulart, neto do ex-presidente, e com peritos que analisam o caso. Pela manhã,
especialistas do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e
representantes da Comissão Nacional da Verdade e do Ministério Público Federal
debateram os procedimentos necessários à exumação.
Os técnicos deverão chegar dois dias antes ao Cemitério
Municipal de São Borja, no interior do Rio Grande do Sul, onde Jango foi
sepultado às pressas, devido a pressões de agentes da ditadura. Os restos
mortais serão levados a Brasília, possivelmente em ato com honras de chefe de
Estado, segundo intenção da ministra. A previsão é de que os restos mortais do
ex-presidente sejam devolvidos a São Borja justamente em 6 de dezembro.
"Hoje, podemos dizer, com segurança, que o ex-presidente foi
perseguido todos os dias de sua vida”, afirmou Maria do Rosário.
Nota do blogueiro - o que a ditadura fez com Jango acarreta dor à família e jamais poderia ser considerado admissível a um país que se julga democrático. Para quem não sabe, Jango, Juscelino e o ex governador do Rio morreram em datas muito próximas. Eles eram presidenciáveis e não interessava à ditadura ter representantes políticos da oposição tão fortes. Àquela época a operação Condor (operação secreta e ilegal que unia as ditaduras chilena, brasileira, uruguaia e argentina) matava e sequestrava oposicionistas. Um agente uruguaio denunciou o esquema de assassinato.
Esse presidente, que sempre falo que foi esquecido pelo povo, foi retirado à força do Poder, mas evitou um banho de sangue que poderia causar a morte de dezenas de milhares de brasileiros e a fragmentação do nosso território. Foi um brasileiro exemplar e democrata que amava o seu país e o seu povo. A prova foi ter evitado o banho de sangue, ainda que isso fosse lhe custar o poder. Não temos outro exemplo desse tipo na história do Brasil.
Até hoje vemos algumas das consequências do golpe. Precisamos passar a história a limpo. É o que o Brasil e os brasileiros sedentos por conhecer melhor o passado e o presente, para melhor compreender o futuro, desejam!