terça-feira, 27 de agosto de 2013

O BRASIL E A SITUAÇÃO NO ORIENTE MÉDIO

O que vem acontecendo na Síria tem na verdade uma causa externa, na verdade, provedores externos, chamados Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Como se sabe, a Arábia Saudita, terra natal de Bin Laden, defende uma versão islâmica fechada e retrógada, que veda quase tudo às mulheres, à semelhança dos talebans. E é a Arábia Saudita que tem ditado as regras no Oriente Médio. A ela não interessava a Irmandade Muçulmana no Egito (que a considerava muito moderada e rival) e, para a derrocada da democracia local, ofertou 12 bilhões de dólares aos militares golpistas. O resultado disso foi o retorno do país dos faraós à ditadura, através de um duro golpe. À Arábia Saudita não interessa um regime laico (ainda que ditatorial) na Síria (que com ela não mantém relações próximas) e por conta disso financia com dinheiro e armas os oposicionistas mais extremados que chegam a degolar crianças, impondo a fuga de milhões de pessoas, criando uma situação humanitária lamentável e de difícil solução. Também é a Arábia Saudita que tem provocado o Irã xiita. A bilionária Arábia Saudita tem financiado grupos extremados e golpes, de forma que não é descartada a suposição de que planeja uma guerra de longa duração, muito provavelmente contra o Irã. Enquanto ocorrer isso, terá Israel como aliado. Mas, e depois? E, embora o regime de extrema direita que governa Israel não tenha percebido, ou saiba e esteja apenas se aproveitando da situação, o seu maior rival não é o Irã, a Síria ou os palestinos, mas sim, a Arábia Saudita, que defende a versão mais arcaica do islamismo e a exporta, à base de muito sangue, aos vizinhos muçulmanos. E é esse país que possui as forças armadas mais modernas da região, logo após Israel, além de bases militares estadunidenses. E os Estados Unidos como veem tudo isso? Seriam cúmplices ou teriam sido pegos de surpresa? Esse financiamento saudita teria o aval estadunidense, que passa por cortes nos gastos públicos? Parece ser evidente que as ações da Arábia Saudita contam com o aval estadunidense, já que os EUA não cortaram a ajuda à Arábia Saudita e mantêm naquele país poderosas bases militares. Contudo, há algo no ar que parece tramar contra a Arábia Saudita ou contra os próprios estadunidenses. Como foi divulgado há uma década, há um mapa que recorta diversos países árabes em pequeninas nações, incluindo a Arábia Saudita, e é óbvio que os governantes daquele país sabem disso. Então, porque a Arábia Saudita estaria ainda rezando a cartilha estadunidense? Ao que me parece, o governo saudita tem sido muito hábil em convencer os americanos de que as suas ações são necessárias. Milionários sauditas compram muito nos e dos Estados Unidos e mantêm sociedades em poderosas empresas na maior potência econômica e militar do planeta. Além do que, exportam muito petróleo aos EUA. Há, portanto, grande interesse econômico em jogo, mas não só. Os sauditas têm conseguido convencer os americanos de que a Síria e o Irã, países inimigos do extremismo religioso representado pelos terroristas da Al quaeda e pelos salafistas (esses últimos abertamente financiados pelos sauditas), seriam os inimigos dos interesses americanos na região. Mas será que os salafistas defendidos pelos sauditas favoreceriam os interesses estadunidenses? Só se for pela compra de armamentos. São grupos religiosos retrógados que vão abertamente contra o estilo de vida estadunidense. Assim, parece que não haveria uma abertura econômica vantajosa aos Estados Unidos. Ao contrário. Estariam dando poder e dinheiro a seus inimigos. Será que após conseguir os seus objetivos até aqui visíveis a Arábia Saudita se aquietará ou tentará algo mais, como um conflito com os israelenses ou a expansão do terrorismo diuturno para além das fronteiras islâmicas? E por que esse país que fez tantos milionários precisa se envolver em questões tão polêmicas em busca de um poder regional? Procuram os sauditas unir os árabes e islâmicos através de uma versão religiosa que não satisfaz a maioria dos povos árabes e também daqueles que adotaram outras correntes do islamismo? Até quando os Estados Unidos permanecerão silentes? E o que há por detrás de tudo isso? Essas são perguntas que não sei responder e que me fazem ficar perplexo diante da complexidade da situação do Oriente Médio. Se fosse líder chinês, russo ou indiano, ficaria alerta e evitaria que os Estados Unidos ampliassem os seus domínios numa região tão próxima a eles e que os faz (EUA) controlar gás e petróleo. O ritmo atual aponta que esses três representantes dos BRICSs estão fadados a um cerco. Cerco militar estadunidense (vide Afeganistão e Iraque) e de domínio das reservas de gás e petróleo da região (Oriente Médio como um todo e Afeganistão. E provavelmente o Irã, mais à frente. Todos nas mãos dos interesses diretos dos Estados Unidos e dos membros da OTAN). E o Brasil com tudo isso? Entendo que o nosso país deve permanecer quieto, sem entrar em conflitos diretos, formando, no entanto, parcerias estratégicas na América do Sul e também no resto do planeta, com destaque na Ásia, a fim de poder confrontar estrategicamente seus concorrentes do BRICSs e ainda garantir eventual acesso a gás e petróleo da região, caso a sua economia cresça exponencialmente, além e possíveis mercados consumidores de produtos brasileiros. Se o Irã não estivesse nessa polêmica, seria o melhor parceiro, face à sua posição estratégica e aos seus avançados conhecimentos no seguimento aeroespacial e também de tecnologia. Contudo, como já escrevi há mais de 1 ano, o Brasil, líder do hemisfério sul, a fim de cumprir o quanto previsto constitucionalmente e em tratados internacionais, inclusive em atenção à grande comunidade síria no país, deveria exigir garantias à população síria, inclusive oferecendo refúgio, a fim de que se evite um massacre ainda maior do que o que vimos até agora. Seria um posicionamento justo e humanitário e que não lhe custaria o rompimento de alianças estratégicas. Se isso faria o Brasil conseguir a tão esperada vaga no Conselho de Segurança da ONU eu não sei, mas certamente o faria angariar simpatia da grande maioria dos países, propiciando-lhe, por consequência, facilidades de mercado e ampliação do seu poder político no cenário internacional. Certamente um Ministro das Relações Exteriores corajoso, como o foi Celso Amorim, tomaria uma decisão arrojada, como já fez tantas vezes, elevando o conceito do nosso país no exterior. No entanto, não há que se esperar isso de um Ministro deveras cauteloso, para não dizer receoso, como o Patriota, a não ser que a presidenta Dilma esteja convencida da necessidade de atuação corajosa do Brasil nesta questão e exija a adoção dessa providência.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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