Como brasileiro, posso dizer com tranquilidade que somos bem vistos. Mas se prepare. Se for para lá, aprenda espanhol. O portunhol não é compreendido pela maioria e, para complementar o drama, os cubanos falam rápido e enrolado, diferentemente dos argentinos e peruanos.
Se você estiver de dieta, saiba que na ilha o que mais se come são derivados de leite e carne de porco. Produtos light ou diet? Nem pensar. Nem sabem o que é isso. Frutas e verduras também não são tão comercializadas e suas porções no restaurante espantam qualquer um, de tão pequeninas que são.
É um hábito cubano misturar feijão preto ao arroz. É quase impossível encontrar arroz puro. Por isso, se prepare para ter gases e mais gases... Talvez por isso seja bom viajar sozinho para Cuba.
Os doces cubanos são um negócio a parte. São muito bons. Experimente os folhados e o sorvete estatal Coppelia. É possível tomar esse sorvete saboroso gastando 12 centavos de dólar, ou seja, quatro bolas por um real. Barato é pouco.
Os livros em Cuba são extremamente baratos. Em média, um livro novo custa de 1 a 7 dólares. Ou seja, de 2 a 15 reais. Mas, cuidado. Como em Cuba há duas moedas (CUC – para estrangeiro– e pesos para cubanos – esta com valor infinitamente inferior), os preços marcados em pesos podem ser pagos em CUC por um turista desavisado. Aí realmente os livros custarão mais caro que em no Brasil.
O povo de Cuba é culto, sabe de tudo o que acontece pelo mundo e acompanha de perto as novelas brasileiras. Sabem que somos um povo parecidos com eles e por isso nutrem grande simpatia pelos filhos do “gigante do sul”, como carinhosamente chamam o nosso Brasil.
Política é algo que o cubano tem perdido o medo de discutir nas ruas. A população se divide entre os fãs da família Castro e aqueles que querem uma economia mais aberta. Contudo, por mais que seja contraditório, a grande maioria ainda prefere o socialismo, mas com uma abertura que permita sair da miséria em que vive a maioria do povo cubano.
Cuba está em fase de mudanças. É possível ver pequenos comércios (principalmente cafés) e alguns ambulantes nas ruas. Empresários criativos surgem e produzem produtos nacionais com o pouco material que a ilha proporciona. E, acredite, são produtos bons, duráveis e confortáveis. Contudo, as empresas imperialistas já começam a entrar no país. A Nestlé domina o mercado de chocolates, leite e sorvetes da ilha. E o Brasil constrói em Mariel um porto, com área de zona industrial, com fábricas brasileiras, que quando terminado será o mais moderno de toda a América Latina.
Não há um cubano que não lamente a situação econômica do país. Muitos, inclusive, criticam abertamente o governo e dizem não gostar de Fidel e de Raul Castro.
O que vi foi um país em transição, em mutação, sofrendo mudanças internas para um destino que não sabemos qual é. Espera-se que continue a ser anti-imperialista, ainda que venha a manter relações com os EUA.
É, Cuba já não é mais a mesma. E o seu povo também não.