quarta-feira, 8 de agosto de 2012

DIVAGAÇÕES APÓS VISITAR UM LUGAR DIFERENCIADO

Não sei. Parecia um sonho. Via um local repleto de casebres miseráveis na cidade de São Paulo e lá estava eu com outras pessoas.
Após o massacre de cerca de 6 milhões de indígenas, escravização de outro milhão e dominação da terra de diversos povos, muitos dizimados, a cultura dos vitoriosos foi imposta a toda a gente. Formava-se o Brasil, o chamado país tolerante.
Tolerante, sim, com o seu passado imperialista, escravagista e ditatorial.
Quanta vergonha e quanto esquecimento!
Mas, voltando, quem seria esse povo ao qual estava eu unido? Quem seria eu e o que seria isso aqui?
Um povo estranho e que me faz imaginar estar no Paraguai, num país pós-guerra. Lembra um campo de refugiados pobres.
Paraguai, África, Palestina? Onde estarei?
Que língua é essa que falam? Que mundo será esse?
Não entendo. Não, não entendo. Não compreendo o que vejo, o que ouço e o que sinto.
É tudo tão diferente.
O tempo é diferente. Os sentidos são diferentes.
Parece que me transformo num ser mais próximo da natureza. Serei um bicho? E a minha alma de gente?
E aquela necessidade que tinha de conquistar, de ter e de impor os meus prazeres e as minhas vontades?
Me transformei em que, em quem?
Quem sou eu e quem é essa gente?
É um povo? Isso é uma tribo?
São índios? Isso aqui é Brasil? São Paulo?
Não. Não compreendo.
Me diga o que isso representa, qual o sentido desse canto aqui nessa cidade grande.
Não. Não me desafricanizei e pouco menos me deseuropeizei.
Tinha o meu lado europeu, chique, elegante, branco, imponente. E hoje estou aqui, com pele da cor de barro, num lugar com cores pouco vivas.
Não. Não tenho mais a alma dos europeus. Mas não me conheço.
Serei membro de alguma etnia indígena? Terei alma? Pensarei a respeito do que é certo e errado?
Serei digno de ir ao céu após a morte?
Terei vontade de comer carne humana? Afinal, quem sou eu?
Desindianizei-me? No que me tornei?
Em que acredito? E o meu Deus barbudo que, mais que compreensivo, era vingativo?
Ah, e a superioridade que sentia?
Não. Não entendo mais nada...
Dizem que sou Guarani e estou numa tribo no Jaraguá numa cidade chamada São Paulo, no Brasil.
Mas porque moro assim, vocês sabem? Eu não sei...
E porquê estou num campo pobre desses? Serei brasileiro?
Brasileiro? Mas você sabe o que é ser brasileiro? Eu não sei.
FIM

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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