terça-feira, 25 de outubro de 2011

De Flip, Flupp, Daslu, Daspu e outros babados

Campanha Daspu - Da farofa ao caviar
Por Emir Sader

Confesso que nunca gostei da Flip. Sempre me pareceu sumamente elitista. Grandes editoras globalizadas promovem seus autores estrangeiros, salpicados por alguns brasileiros, numa badalação daquelas, entre agentes internacionais e internacionalizados, jornalistas babando e preços exorbitantes, em um cenário belíssimo, mas proibitivo para a grande maioria.

Me lembro que há uns anos realizou-se uma Feira de Livros para a Juventude na Baixada Fluminense, em um mês de agosto, quando ainda não baixava a espuma da badalação da Flip – a que se dedica a velha mídia de abril a agosto. Foi difícil encontrar lugar, mas principalmente se contou com algumas editoras alternativas apenas, a maioria mandou saldos e a mídia não deu praticamente nenhuma cobertura.

Só posso olhar com simpatia a I Feira Literaria Internacional das UPPs – Flupp –, que será realizada no Morro dos Prazeres, em novembro de 2012. Algo que nunca poderia se realizar não fosse a política de ocupar os espaços liberados ao controle cruel das gangues do narcotráfico, para promover políticas sociais e culturais.

A Flupp está para a Flip assim como a Daspu está para a Daslu. Como as iniciativas das elites para iniciativas que buscam realizar-se nos espaços populares, até recentemente controlados pelo narcotráfico. Ainda é cedo para saber do sucesso da política das UPPs, assim como da Flupp, mas vale a pena apostar e contribuir. É a aposta mais importante no Rio e, se der certo, pode servir para tantas outras grandes metrópoles brasileiras.

Já que falamos em elites e alterantivas populares, é significativo que um bom poeta, de trajetória esquerdista – já foi comunista – era praticamente desconhecido. De repente, quando passou para a direita, ganhou coluna semanal em jornal, elogios por todos os lados e prêmios. Não há prêmio que não lhe deem. Apesar de sua reconhecida feiura, só falta ganhar prêmio de Mister de beleza, de algum cosmético de moda. Assim a elite recompensa quem aceita comer na sua mão, quem passa a preferir a Daslu à Daspu, a Flip à Flupp.

Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas-feiras.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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