domingo, 3 de julho de 2011

Liberdade de Manifestação e as drogas

Realmente a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, com supedâneo Constitucional, garante a liberdade de expressão àqueles que desejam que a sociedade discuta alguns temas, dentre os quais a descriminalização da maconha. As manifestações, portanto, são permitidas.
É salutar a uma sociedade que se pretende democrática que temas polêmicos sejam difundidos, conhecidos e discutidos. Só assim participaremos da sociedade como seres pensantes e responsáveis. Delegar a outros para fazer tudo sem que conheçamos direito absolutamente nada, nada mais é que fugir das responsabilidades, uma fuga inconsequente, portanto.
A discussão é salutar, até para que conheçamos a realidade. Será a maconha tão inofensiva quanto apregoam? Será romântica? Será sinal de protesto à sociedade de consumo? Será sinal de alternativa ao mundo em que vivemos? Os usuários são alienados ou intelectuais alternativos? Olha, particularmente acho que romantizam muito o uso da maconha. Hoje, os estudos apontam que ela está, no mínimo, 7 vezes mais potencializada que há 10 ou 20 anos. Por isso, os seus efeitos são mais problemáticos em todos os aspectos, inclusive no de dependência.
Quem usa maconha financia indiretamente o tráfico e o trabalho infantil de pior qualidade possível (para o tráfico, na maior parte das vezes como pequeno traficante ou olheiro armado). O usuário de maconha é aquele que fomenta o crime e não quer ver. A liberalização do uso da maconha não acabaria com a figura dos traficantes e do trabalho infantil para o tráfico.
Quem usa maconha é alternativo? Muitos difundem isso, inclusive muitos filmes estadunidenses, mas a realidade é outra.  Quem usa fomenta um comércio mundialmente forte e rentável, o de produção de drogas naturais e sintéticas. É uma peça dentro de um sistema de manipulação dos jovens, de alienação e de simulação de que ao usar a maconha terá a sensação plena de prazer ou a certeza de ser diferente ao que aí está. Na verdade, insere-se na massificação de usuários e passa a ser mais um comandado pela grande indústria da droga, que inclui operários, traficantes, crianças, financiadores, banqueiros, políticos inseridos ou corrompidos pelo tráfico, servidores públicos corrompidos e até mesmo órgãos governamentais como serviços de inteligência que se utilizam disso para financiar atividades estatais ilegais.
A maconha não tem nada de romântica. Poderia sê-lo nos idos de 60, quando a sua disseminação e fabrico não tinha o porte de hoje nem era tão potencializada. Àquela época existia a pretensa sociedade alternativa dos hippies (bicho-grilos). Hoje, não. Hoje os usuários são a engrenagem principal de uma indústria poderosíssima e que compete em lucratividade com outra indústria polêmica, mas considerada legal, a de armamentos.
Os usuários de maconha, que me desculpem os amigos que já usaram ou usam, ainda que eventualmente, nada mais são do que seres massificados pela indústria. Sim, tão massificados quanto os leitores de revistas de fofoca e consumidores compulsivos de lojas de shopping centers etc. Não vejo nada de inteligente nisso.
Experimentar é outra coisa e cabe a cada um decidir.
Porém, aí é que entra a polêmica da história. Todos que usam conseguirão ser capazes de frear o vício que se desencadeia rapidamente, principalmente em drogas mais fortes, como a cocaína e o crack? Os estudos comprovam que quando se trata de drogas pesadas a chance de viciar é enorme. Quanto à maconha, que também é droga pesada, mas considerada de menos gravidade que outras, a chance de se tornar dependente com o primeiro uso é realmente menor, mas existe e é chamada de porta de entrada para outras drogas mais potentes. A realidade é que aqueles depressivos, tímidos e aqueles geneticamente mais propensos ao vício, não satisfeitos com o prazer passageiramente obtido, passam a ir atrás de mais prazer em drogas mais fortes, e aí está criada a escalada para o vício e, por consequência, para a morte.
A realidade é cruel e está às nossas vistas. Todas as cidades brasileiras estão lotadas de usuários de drogas, principalmente de crack, que perambulam pelas ruas, quase que como zumbis. Em sua maioria, magros, em decorrência da falta de apetite. Estão a um passo da morte. E nós, o que fazemos? Permitimos que eles continuem a usar, negligenciando, como se tratasse de livre escolha, ou atuamos para romper esse quadro repleto de mortes? Entendo que não podemos cruzar os braços nem tratar essa questão como de livre escolha. Não há liberdade para viciados. Eles não têm condições de serenamente optar. A dependência rompe essa capacidade. A necessidade de prazer, de êxtase, é tão grande que ainda que exista o desejo de parar, ele é cerceado pela necessidade que o cérebro impõe de buscar o prazer, na verdade um prazer que nunca mais virá, que a droga somente propicia um pico de prazer. Depois desse apenas advirão prazeres sempre inferiores e muita depressão e a busca consciente ou inconsciente da morte.
Ora, sem capacidade de escolha - para os dependentes - não há liberdade. Sem ciência dos riscos e desconhecimento - dos potenciais usuários -  também não há como se falar em liberdade ao optar por experimentar ou não.
E me perdoem, mas quando se trata de vida humana, o bem maior previsto pela Constituição Federal, não se pode admitir omissão de socorro ou inércia, seja do Estado, seja das pessoas. Todos têm obrigação legal, não bastasse a moral, de agir.
A prefeitura do Rio começou a agir contra a dependência de crack, mas não têm clínicas suficientes para o tratamento. A municipalidade de S. Paulo segue o exemplo e fez convênio com uma clínica religiosa na distante cidade de Guaratinguetá. A tentativa é válida, mas de nada adianta afastar temporariamente o dependente do seu vício se não forem adotadas outras medidas para sanar problemas familiares, psicológicos e sociais, incluindo-se aí moradia e emprego. O problema é muito mais sério do que se imagina e aumenta-se em ordem exponencial.
Assim, a manifestação pelo uso da maconha é pertinente e salutar à sociedade, desde que seja associada aos estudos científicos e sociais do uso da maconha e da sua ligação chave com outras drogas.
Não podemos admitir a propaganda irresponsável. Deve haver um debate sério com concomitante apresentação de estudos, oitivas de profissionais ligados à área e dependentes e familiares, além de policiais e os próprios envolvidos no submundo do tráfico, para que entendamos a realidade de cada ente envolvido no drama que assola a humanidade e o prejuízo que ela causa à sociedade e, principalmente, a milhões de vidas.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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