José Silvério Oliveira
É com grande prazer que escrevo neste blog. Jornalista de profissão e especialista em política, posso comunicar minha opinião a respeito de um fato pouco pensado pelo atual governo e pela comunidade política nacional.
É com grande prazer que escrevo neste blog. Jornalista de profissão e especialista em política, posso comunicar minha opinião a respeito de um fato pouco pensado pelo atual governo e pela comunidade política nacional.
O presente governo federal está tecendo um estratagema fenomenal para a política internacional, inserindo o Brasil tanto nas páginas dos grandes vespertinos, como nas discussões dos cidadãos dos países mais diferentes e deslumbrando governantes de esquerda no mundo afora. Até personagens de direita aplaudem, surpresos.
Tudo bem, isso é louvável, mas será que todos se esqueceram de que o mandato do Sr. presidente está no término?
E se o Brasil for inserido nas discussões de paz para o Oriente Médio com o próximo governante, o que mudará? Aliás, o que poderá mudar? Tudo, absolutamente tudo.
Hoje, o Brasil adota uma postura independente que não privilegia posições extremistas de árabes ou de israelenses. Lula deu demonstração disso ao não visitar os dirigentes do Hamas e ao não visitar o túmulo do criador do Sionismo. Sem radicalismo, seja à esquerda, seja à direita.
Para quem não sabe, o Sionismo foi criado nos fins do Século XIX na Europa, por judeus europeus, visando a criação de uma grande terra, a grande Israel. Não tinha um cunho religioso, mas estratégico e político. Muitos ingleses apoiaram o sionismo desde quando era mera teoria. Muitos estadunidenses se opunham, inclusive presidentes. A verdade é que com a imediata criação de Israel, houve o domínio do governo pelos sionistas. Estes iniciaram a migração para a então Palestina nos fins do século XIX, fundaram grupos terroristas que afugentavam e matavam palestinos. Hoje, muitos sionistas falam na grande Israel, que englobaria o território israelense, a Palestina, Líbano e Síria, o que faz crer que o expansionismo israelense não cessará tão cedo. Para a Onu, até a década de 90, o sionismo era visto como discriminador. Com base nisso, Lula tomou a decisão acertada de não visitar o túmulo do criador dessa política sionista. Aliás, até hoje nenhum líder europeu visitou esse tão famoso túmulo. Isso não é desrespeito com o povo judeu, que não se confunde com o sionismo. Os judeus têm por base a tolerância e a crença em Deus. Os sionistas não priorizam isso, mas o fortalecimento de um grande Estado.
Política externa é feita com olhos no futuro, evitando polêmicas desnecessárias. Se houvesse ocorrido a visita ao túmulo, o presidente brasileiro ficaria exposto desnecessariamente aos olhares críticos europeus, asiáticos e de países americanos e árabes.
Agora, quando Lula sair do poder, quem garantirá que Marina Silva, Ciro Gomes, Dilma Roussef e José Serra mantenham essa mesma postura?
Recentemente, o líder de um dos partidos de oposição criticou a postura de Lula de não visitar o túmulo do fundador do sionismo, de manter relações com o Irã e de criticar os grevistas de fome em Cuba, em claro sinal de simpatia extrema (ou submissão) à politica estadunidense, feita em favor dos interesses próprios na região. Ou seja, evidencia a possível total mudança de rumo na política exterior.
É importante que os candidatos à presidência assumam uma postura clara perante os países que almejam a paz e o fim dos conflitos. É importante haver a permanência do equilíbrio e da equidistância hoje existentes. Uma mudança de rumo na política externa não apenas criaria frustrações nos personagens envolvidos nos conflitos, mas enterraria de vez as pretensões brasileiras de ocupar um espaço de maior visibilidade e independência no cenário internacional.
É preciso, portanto, que os candidatos digam a que vieram e como pretendem posicionar o Brasil nas questões internacionais. O povo brasileiro de hoje tem esse direito. Os brasileiros de amanhã o terão e a comunidade internacional, desde já, precisa ter a certeza de que o Brasil não é um país instável em sua política exterior.
É bom pensarmos no nosso futuro e no Brasil que queremos, inclusive perante a comunidade internacional: independência ou submissão? Posições fortes e permanentes ou instáveis e incertas?
Brasil, um país de futuro ou um país que apenas aparece, desaparece e nada cria ou faz?
Brasil, um país de futuro ou um país que apenas aparece, desaparece e nada cria ou faz?
José Silvério Oliveira é jornalista especializado em política