segunda-feira, 2 de março de 2009

CRÔNICA: PRECONCEITOS. WOODY ALLEN, VOCÊ É UM GÊNIO!

Recentemente vivi uma experiência inusitada. Ah, digo de antemão que os meus amigos ficaram com inveja e curiosíssimos. Teve um que me ligava quase que de hora em hora para saber todos os meus passos antes de uma viagem que posso resumir em uma só palavra: magnífica.

Não fui para Barcelona, não; não fui personagem de "Vicky, Cristina, Barcelona"; e não conheci a Penélope Cruz ou a Scarlett Johansson, mas mesmo assim vivi momentos indescritíveis (esse termo eu utilizei porque a loira disse exatamente isso para mim). Ah, acho que não chega a serem totalmente indescritíveis, pois estou aqui tentando descrever e rabiscar alguns certos detalhes.

Vale a pena voltar um pouco no tempo para dizer que numa viagem a um local próximo de S. Paulo conheci duas meninas incrivelmente maravilhosas, falantes, alegres e visivelmente amorosas. Depois de um bom papo já me serviram alguns doces que haviam feito e levado a uma festa de uma amiga. Achei aquilo doce, muito doce. Não, o bolo ou o brigadeiro não eram tão doces, mas sim a atitude. As duas eram pessoas simples e especiais e deu para notar isso logo de cara. Não posso negar que me encantei por elas. E quem não se encantaria?

Durante a conversa eu falei de uma praia que havia conhecido e que era linda. Elas olharam com carinhas de que queriam conhecer e não tiveram dúvida em aceitar o convite que fiz para viajar, mas com um detalhe: os três, o seja, eu e as duas, uma loira e uma morena, sonho de qualquer mortal masculino... Realmente era um sonho. Cada uma tinha um detalhe que complementava a outra (desculpem-me, mas não vou entrar nesses "detalhes" para vocês!).

Não vem ao caso o que rolou e se rolou algo. O interessante da história, penso, não são os detalhes sórdidos ou angelicais, mas as situações constrangedoras que as outras pessoas criam. Não foi difícil nem exigiu muito tempo notar como há inveja e como há preconceito quando uma pessoa anda acompanhada de duas do sexo oposto! Realmente o ser humano precisa amadurecer muito para sair das árvores e deixar de comer aqueles frutos amarelos que chamamos de banana em várias línguas. Pense, ser humano, pense, e pare de agir como um ser primitivíssimo.

Bem, voltemos à história.

Como foi aceito o convite para viajarmos, eu não titubiei em passar no lugar e no momento combinados. Após beijos e abraços de cumprimentos, rumamos de madrugada para aquele paraíso terrestre. Acabei procurando hospedagem em uma pousada não tão bonita, onde a dona olhou feio quando me viu acompanhado daquela loira de saias curtas e daquela morena com a cintura exposta. Ah, aquela senhorinha sexagenária deve ter tido inveja e deve ter pensado que só aceitava hospedar-nos pela diária que seria paga. Recriminava-nos com o olhar e percebi que as minhas amigas, assim prefiro chamá-las, estavam magoadas. Não tive dúvida em dizer tchau e rumar para uma outra pousada, quase em frente.

Aquela segunda pousada era bem mais espaçosa e mais aconchegante. Todos os três optaram por esse local repleto de árvores, mas sem macacos (ainda bem. Acho que eles optaram por ficar na primeira pousada e em alguns outros locais). Ficamos por lá.

O incrível foi notar que somente três quartos estavam ocupados: um comigo e as duas; outro com um sujeito mais velho e duas mulheres maravilhosamente lindas; e um terceiro com um sortudo e quatro mulheres. Fiquei imaginando que nunca seriamos recriminados naquele lugar, e não fomos, ou quase.

A comparação era inevitável. Durante os nossos cafés eram travados verdadeiros combates, sem sangue, mas que visavam o poder. Um homem olhava para o outro como se estivesse querendo dizer: eu sou mais homem que você, pois veja as mulheres com quem estou, pela qualidade e quantidade. Quanta babaquice! É, o preconceito e a disputa também estavam presentes nos olhares dos próprios homens, desses homens macacos!

Mas não era só.

Na praia era inevitável o olhar das mulheres. Os homens não encaravam, sei lá se por sentirem inveja ou por admirarem a coragem, mas as mulheres... Ah, elas olhavam e acompanhavam os passos. Parecia que a situação de estar acompanhado de duas mulheres despertava nos outros espécimes femininos um fetiche, um desejo, uma imaginação libidinosa ou sei lá o que. Eu sei que nunca recebi tantos olhares desejosos como nessa viagem. Ah, essas mulheres! Macacas, não, pois não havia preconceito, mas admiração, prefiro pensar!

Situação parecida (mas que não se visa comparar à da película), foi vivenciada no imperdível filme do Woody Allen: Vicky, Cristina, Barcelona? Se você não assistiu, então vá. Vale a pena. Você perceberá como os preconceitos somem e desaparecem, de acordo com as situações ou a "evolução" individual. Pense nisso e veja o filme. É incrível.

Bem, disso tudo tirei (e dá para qualquer um tirar) uma lição: ah, Woody Allen, você é um gênio!

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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