sábado, 16 de dezembro de 2017

A CRISE NA SÍRIA CONTINUA


A crise humanitária na Síria não acabará tão cedo, assim como a da própria humanidade!

Ainda que o Daesh - como formação - esteja aniquilado, há que se considerar o jogo de forças existente no país árabe.

Há os curdos, que ainda que sejam financiados pelos Estados Unidos e treinados por eles, em parte, mantêm bom contato com o governo sírio. Parte deles, porém, sedenta pela criação de um Curdistão na área, cria na Síria questões étnicas complexas, como a expulsão de turcomenos, árabes e assírios do norte, numa verdadeira tentativa de dar um viés curdo às áreas hoje ocupadas.

Há outros grupos de oposição, a maior parte terrorista, sob o manto de proteção dos Estados Unidos. E esses causam sérios problemas, seja pela questão étnica que imporão no território sírio, principalmente ao sul e ao leste, na fronteira com o Iraque, seja pela crise humanitária a que dão causa, seja pelos crimes de guerra praticados.

Para complicar a situação, os Estados Unidos permanecem na Síria com inúmeras bases militares e de treinamento.

Diz a inteligência russa que os Estados Unidos estão utilizando campos de refugiados em território sírio para treinar opositores, a maior parte formada por militantes do Daesh.

Como se verifica, há inúmeros crimes de guerra praticados pelos militantes e terroristas treinados pelos Estados Unidos (expulsão da população local, assassinatos, utilização de armas químicas ou biológicas).

Além do mais, há três outras questões que, além de prorrogar a crise humanitária, podem ocasionar até o próprio impeachment do presidente dos Estados Unidos. O primeiro é a invasão do território sírio sem declaração de guerra e sem aval do próprio Congresso ou do pais invadido (Síria).

O segundo é ainda mais estarrecedor. A inteligência russa aponta para a utilização de campos de refugiados dentro da Síria pelo governo dos Estados Unidos para treinar militantes - a maior parte formada por milicianos do Daesh - contrários ao governo de Damasco. 

A utilização de Campos de Refugiados para tal fim, com o afastamento dos próprios refugiados, criando-se terror na área, afronta os Pactos Internacionais e o próprio Direito Humanitário.

A terceira e, por enquanto, última, é a questão dos Estados Unidos treinarem terroristas. O Congresso dos Estados Unidos permanecerá silente? Até quando?

O que está em jogo não é apenas uma relação de forças entre EUA e Rússia ou uma questão geopolítica vital para a região. Vai além disso. Está em jogo a demonstração de poder bélico para que sirva de vitrine para a venda de armas. Mas também não é só isso. Está em jogo a criação de novos territórios na Síria, remodelando a região em prol dos interesses estadunidenses, com o aval expresso de Israel e Arábia Saudita, contra posição uníssona do Catar, Iraque, Irã e Turquia.

Jerusalém, como sempre, serviu para despistar questão ainda mais polêmica que se avizinha.

O que se sucederá na região não é possível antever, a não ser que a crise humanitária permanecerá presente, seja pelo clima de guerra, seja pelas questões étnicas que os Estados Unidos estão agravando e ao mesmo tempo fomentando naquele país.

Disso é possível concluir que: a Rússia não deveria sair tão cedo da Síria, deveria haver a formalização de um exército do mundo árabe que auxiliasse a Síria contra os terroristas, deveria haver maior suporte médico, humanitário e estratégico aos deslocados internos e refugiados, deveriam ser propostas ações jurídicas que implicassem responsabilização dos que dão suporte físico, material e treinamento aos terroristas. 

O atual Caminho de Damasco ainda não se concretizou. O primeiro foi o da revelação do Deus amoroso pelos homens sedentos por vinganças. Passados dois milênios, o homem ainda não sedimentou esse ensinamento de compaixão e amor. O atual caminho, esse que vivenciamos, porém, talvez nos ensine à força que apenas a solidariedade e a caridade farão com que o homem possa conviver em sociedade, habitar este planeta e sobreviver aos próprios venenos que ele mesmo criou e sedimentou em sua "curta" permanência neste planeta (armamentos, poder, propriedade, riqueza material, "status", ódio, tráfico de entorpecentes, medicamentos que não curam, mas apenas amenizam e viciam). São males que assolam qualquer mundo ideal. A corrupção, os assassinatos, a segregação, o racismo, teses de supremacia, a dependência química, as doenças físicas e algumas mentais, a depressão e a ansiedade, são efeitos de todo esse mal que o homem insiste em dar valor

Mais que questão humanitária, a guerra havida em Damasco revela uma questão filosófica e espiritual importante.  Só não a vê quem não percebe o intrincado processo de radicalização que vive a humanidade, com o extremismo assolando novamente o planeta. Ou mudamos o caminho a seguir ou o nosso caminho já estará traçado. A cegueira de Saulo no Caminho Bíblico de Damasco, hoje alcança a todos nós. Porém, Saulo converteu-se em Paulo e voltou a enxergar, e nós permaneceremos inertes, silentes, aquiescendo com tudo o que ocorre com a própria humanidade?

Não é demais afirmar que não sobreviveremos à terceira guerra Mundial.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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