terça-feira, 7 de novembro de 2017

CRÔNICA: A ARCA DA HUMANIDADE

Era uma vez um planeta colorido, repleto de terra, de árvores e água, e que do céu parecia uma bola linda, azulada.
Parecia o próprio Céu.
Mas, em um determinado período da humanidade, esse planeta chamado Terra, já com as florestas devastadas, água potável escassa, com fortes poluições sonora e ambiental,  foi ameaçado com um dilúvio com proporções inimagináveis. Os seres que já dominavam o planeta, denominados inadvertidamente de humanos, construíram um arca e colocaram lá todos os de sua espécie. Os 7 bilhões de bípedes mais divertidos que os seus parentes macacos, estavam reunidos naquela nau de proporções gigantescas, construída com o que sobrou do planeta, lixo.
Mas foi só entrar na Arca gigantesca que começou o jogo da discriminação, e com a evidente exclusão forçada de membros da própria raça chamada humana.
Graças ao preconceito contra as mulheres, as primeiras a serem jogadas ao mar, sobraram 3,5 bilhões de bípedes.
Desses 3,5 bilhões, 1 bilhão era de esquerdistas, comunistas e anarquistas, também jogados ao mar.
Sobraram 2,5 bilhões. Mas, outro bilhão foi jogado ao mar. Era composto de muçulmanos, judeus e evangélicos.
Sobrou 1,5 bilhão de pessoas. Mas a população não suportava indígenas, negros, árabes, chineses e latinos, que também acabaram por serem lançados na tempestade.
Haviam sobrado, então, 500 milhões. Mas os gordos, os carecas, os peludos, os que apresentavam alguma deficiência e os obesos também foram abruptamente convidados a se afogarem. Sobraram 70 milhões.
Daí os feios também foram eliminados. Sobraram 10 milhões.
Mas daí resolveram discriminar aqueles que soltavam puns, que arrotavam, ainda que discretamente, e que não tinham um bom cheiro. Restaram, então, apenas 100 mil pessoas.
Mas daí discriminaram os que usavam roupas grudadas, sensuais e que usavam tatuagem.
Sobraram 80 mil "sortudos".
Os próximos a serem discriminados foram os tímidos, os que não fofocavam nem participavam de jogos pelo poder.
Sobraram menos de 10 mil pessoas. Daí lembraram dos que já haviam sido pobres antes de entrarem na arca e os lançaram ao mar. 
Sobraram apenas 500 pessoas.
Daí se recordaram das questões sexuais e resolveram eliminar todos os que não eram considerados típicos héteros, inclusive os enrustidos. 
Sobraram 200 pessoas. Mas daí, discriminaram os idosos, depois os que não eram simetricamente perfeitos, em seguida os que eram corinthianos e os que eram servidores públicos.
Sobrou uma única pessoa. Mas como ela não sabia navegar nem pode se procriar, não lhe restou muito tempo.
Aí acabava a história da humanidade e da vida em sociedade.
Dessa história não sobrou ninguém.
Daí o planeta anteriormente devastado, após o fim do dilúvio se revitalizou e voltou a ser belo, colorido, brilhante, repleto de diversidade de vidas aquáticas e terrestres. O lixo se decompôs, animais viviam em abundância em seu habitat original e as aves lotavam os céus.
Os humanos foram só um dos seres da diversidade que compõe o planeta. Foram esquecidos até que, milhares de anos depois, chegou uma espaçonave com uns seres de cor rosa que resolveram recolonizar o planeta.
Começaram por jogar corante nas águas e por criar uma tinta que tingia a atmosfera. A terra deixava de ser azul.
E daí começou tudo de novo...

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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