No Dia Internacional da Mulher, o ICArabe contou a história da linguista Sandra Guimarães, de Natal (RN), que abandonou um mestrado em Paris depois de conhecer e se apaixonar pela Palestina. Criadora do blog Papacapim Veg (http://papacapimveg.com), de culinária vegetal, a ativista dedica-se a diversos projetos no campo de refugiados de Aida, em Belém. Organiza aulas de culinária regional e orienta crianças e adultos sobre higiene e saúde. Sandra começou a trabalhar nos campos de refugiados assim que chegou à Palestina. Embora já tivesse feito projetos em outros campos, hoje só trabalha em Aida, onde morou durante a maior parte do seu primeiro ano na região. “A população desse campo é de 5 mil habitantes, espremidos em uma área de 710m² (sim, menos de 1km²). 60% da população tem menos de 15 anos e a taxa de desemprego é de quase 70%. A vida nos campos é extremamente difícil e o meu projeto é tentar melhorar um pouco a situação econômica de algumas famílias, criando uma fonte de renda alternativa”, explica.
Noor (que significa “luz” em Árabe) é um projeto independente criado por e para mulheres refugiadas que têm um filho deficiente. “Depois de conversar com o diretor do campo, um bom amigo meu, ele explicou como a vida dessas mulheres era difícil, mais ainda do que as outras. Como o projeto é independente, todos trabalham de maneira voluntária (sem remuneração) e organizo aulas de culinária palestina para patrocinar nossas atividades. Também organizo hospedagem no campo, na casa das famílias, para estrangeiros que queiram fazer uma imersão total na cultura palestina e aprender árabe.”
A ativista deixou o Brasil aos vinte anos. Ela conta que foi na França, onde estudava e trabalhava, que, ao ter contato com as informações sobre a situação dos palestinos, sua consciência adormecida começou a despertar. “Estava plantado o sentimento que me traria para cá. Em 2007, abandonei o mestrado em Linguística para visitar a Palestina pela primeira vez. Duas semanas foram suficientes pra me convencer de que o meu lugar era aqui. No início de 2008 me mudei pra Belém e comecei a trabalhar no campo de refugiados de Aida”.
A solidariedade fez com que Sandra permanecesse na Palestina. E o desejo de testemunhar a realidade e contá-la ao maior número possível de pessoas a ajuda a prosseguir em seu trabalho. “Sei que sozinha não posso acabar com as injustiças das quais o povo palestino é vítima há mais de 60 anos, mas estou fazendo o que posso para ajudar. Não acabei com a ocupação, mas acredito que meu trabalho nos campos melhorou a vida de muita gente e graças às palestras que dei no Brasil várias pessoas ficaram sabendo da verdade sobre o conflito. Sei que minha contribuição é modesta, mas fazer pouco é melhor que não fazer nada.
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