Um dos momentos mais felizes da minha vida não foi comprando, viajando ou jantando, mas assistindo a uma das maiores ousadias da minha vida numa tela de cinema, e para mim numa das salas mais bacanas de S. Paulo, na Cinemateca. Para quem ama cinema como eu, sabe bem o que isso significa. E, confesso, era impossível segurar as lágrimas.Vi os defeitos, inúmeros por sinal, mas mesmo assim me emocionei. Não atuei como cineasta, mas como jornalista que pretendeu denunciar uma omissão histórica do povo brasileiro... em relação ao que ocorreu em Canudos durante a ditadura militar. Sim, Canudos também foi vítima, não especificamente de tortura, mas de afogamento que a levou a estar 7 léguas abaixo do leito modificado de um rio. Afogaram o sítio histórico, mas não calaram o povo que quer ser ouvido. Não foi abordada a guerra de Canudos, mas o açude polêmico que inundou a antiga vila e depois cidade, agora leito do açude que dá nome ao vídeo. Cocorobó não tem a pretensão de passar no circuito comercial, pois tem muitas (e bota muitas) falhas técnicas, e graves, algumas delas só (e bem) perceptíveis na telona, mas pretende ecoar a voz daqueles populares já roucos de tanto gritarem e não serem escutados. Que ouçamos a história daquele povo sobre um evento não tão recente, mas que de alguma forma mudou a história de vida de muitas pessoas e quase apagou para sempre um triste evento na nossa história republicana, o açude de Cocorobó.
Depois desse prazer veio a vontade de implementar velhos e bons projetos. Se os concretizarei apenas o tempo dirá. E tem um que promete ser bombástico para quem gosta de história. Aguarde!
