quinta-feira, 5 de maio de 2011

ENTRE A GRADE E O BUEIRO - PARTE XII

Diário Liberdade - Michael Collon
Parte do valioso texto escrito pelo jornalista belga Michael Collon, sobre as causas reais da ofensiva imperialista contra a Líbia.

Pistas para atuar


Para desbloquear este debate, a batalha da informação, como dizíamos ainda faz uma semana[1], é a chave. E esta batalha não pode ser levada a cabo mais que por cada um de nós, onde estivermos, em função das pessoas com quem nos dapararmos, escutando bem o que influência em elas, verificando a informação com elas, pacientemente... Para levar eficazmente este debate, é muito importante estudar a experiência da desinformação nas guerras precedentes.

Os 5 princípios da propaganda de guerra aplicados à Líbia

Esta experiência, foi assim resumido por nós "cinco princípios da propaganda de guerra", expostos no nosso livro Israel, parlons-em! Em cada guerra, os meios querem persuadir-nos de que nossos governos está fazendo o bem e para isso aplicam estes cinco princípios: 1. Ocultar os interesses econômicos. 2. Converter a vítima e o agressor. 3. Ocultar a história. 4. Demonizar. 5. Monopolizar a informação.

Estes cinco princípios voltaram a ser aplicados contra a Líbia; já vimos isso nas páginas precedentes. Para terminar, chamamos a atenção sobre o quarto: a demonização do adversário. Os guerreiristas sempre têm que persuadir a opinião de que eles não atuam para obter vantagens econômicas ou estratégicas, mas para eliminar uma grave ameaça. Em cada guerra, dese faz decénios, o dirigente contrário foi sempre apresentado como cruel, imoral e perigoso, com as piores descrições de suas atrocidades. Mais tarde, muitos desses relatos, às vezes todos, vão perdendo fôlego; mas tanto faz, já fizeram o seu labor: manipular a emoção do público para impedi-la de analisar os interesses que estão realmente em jogo. Impossível já voltar atrás.

Não tivemos os meios para estar presentes na Líbia. Mas estivemos na Iugoslávia, abaixo das bombas da OTAN, e pudemos constatar, e provar, que a OTAN mentia sistematicamente [2]. Constatamo-lo também no Iraque. Quanto à Líbia, a coisa parece-se muito, mas até agora não tivemos os meios para proceder a contrastar as informações apresentadas. Nossa equipe de InvestigActtion não tem os meios necessários. Mas vários observadores já detetaram muitos indícios de desinformação. Por exemplo, os "seis mil mortos supostamente vítimas dos bombardeios de Kadafi sobre a população civil? Onde estão as imagens? Não tinham nenhuma câmera, nenhum telemóvel ali, como os teve em Gaza, na praça Tahrir, na Tunísia ou em Bahréin? Nenhuma prova, nenhum depoimento fiável, desmentidos dos satélites russos ou dos observadores da UE, e no entanto, a informação fechou-se e já ninguém se atreve a contradizer aquilo por medo a de ser riscado de "cumplicidade".

Em uma guerra civil não é fazer filtiré, e isto é certo por ambas partes. Uma informação parcial sempre tentará nos fazer achar que as atrocidades se cometem de só um lado e por tanto há que apoiar ao outro. Mas convém ser prudentes envelope este tipo de relatos.

Quem nos informa?

Uma coisa que há que mostrar é que a demonización não cai do céu. É difundida por meios que tomam partido, com frequência sem o dizerem. No entanto, é a primeira pergunta que deveria ser feita em uma guerra: Deixaram que escutasse a outra parte ?

Por que na Europa e nos EUA os meios estão todos de acordo sobre Kadafi? E por que na América latina, na África, na Rússia, se denuncia pelo contrário uma nova cruzada imperialista? Enganam-se todos estes? São os ocidentais os que sabem melhor todo o que se passa? Ou é antes que cada qual está influenciado pelos seus meios? Então devemos seguir cegamente nossos meios, ou contrastá-los?

Estamos sendo abundantemente saturados sobre as caraterísticas negativas de Kadafi. Mas tem-se-nos informado de suas positivas? Quem nos informou de sua ajuda aos projetos de desenvolvimento africano? Quem nos disse que a Líbia conhece, segundo as instituições internacionais, o mais alto "índice de desenvolvimento humano" de toda a África, bem longe dos favoritos do oeste como o Egito ou a Tunísia? Esperança de vida, 74 anos; analfabetismo reduzido aos 5%; orçamento em educação, 2% do PIB e de defesa, 1,1%.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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