sexta-feira, 21 de junho de 2013

O BRASIL VIVE O GRANDE TESTE DE SUA DEMOCRACIA

Há 10 dias as grandes cidades brasileiras vivem manifestações contra o aumento das passagens de ônibus. Em alguns desses dias chegaram a reunir mais de cem mil pessoas só em São Paulo, assim como no Rio de Janeiro. Um número gigantesco!

E de lá para cá, após muitos atos em vias públicas, algumas prefeituras baixaram os preços dos transportes coletivos.

Nessas manifestações, lideradas pelo MPL, Movimento Passe Livre, proibiu-se portar bandeiras de partidos ou de sindicatos, pois afirma-se tratar de um movimento apartidário.

E como um movimento apartidário conseguiu reunir mais de um milhão de pessoas em todo o Brasil? Será que todas essas pessoas se uniam a um propósito só, na luta pela redução dos preços das passagens de metrô, ônibus e trens?

A verdade é que esse movimento não tem uma liderança clara nem um propósito muito definido. Afinal, nem todos os manifestantes participaram em prol da redução do preço da passagem. Muitos clamavam contra a corrupção, enquanto outros bradavam pela melhoria na educação, na segurança pública e na saúde. Pela televisão cheguei a ver, inclusive, um sujeito carregar cartaz a favor da redução da maioridade penal na Praça da Sé.

Os movimentos sociais e as passeatas são muito bem-vindos na democracia, até porque constituem parte intrínseca dela, mas o que não se pode olvidar é que movimentos sem lideranças podem pender para a esquerda ou para a direita, e isso para o bem e para o mal do país.

Pode haver tanto o risco de um golpe institucional, o que seria lamentável, como a própria usurpação política desse movimento, a fim de manipular os cidadãos e eleitores, seja pela esquerda, seja pela direita, e confesso que não sou nada favorável a isso, ao contrário. Penso que manifestações imprecisas podem ocasionar a perigosíssima ruptura da ordem democrática.

Fico a pensar que falta faz, neste momento, líderes políticos de peso como Brizola, Darcy Ribeiro, João Goulart, Ulysses Guimarães, Montoro e Covas. Vivos restaram apenas Lula e Fernando Henrique. Creio que principalmente Brizola e Ulysses Guimarães saberiam conduzir essas massas para reivindicações precisas pelo fortalecimento da democracia, e não o contrário.

Hoje, as massas vagam pelas ruas, avenidas e estradas seguidas de duas dezenas de vândalos e de uma polícia sem muito preparo para lidar com aglomerados de pessoas.

Quanto ao já aludido perigo da ruptura da ordem democrática, penso que grandes manifestações que se oponham simplesmente ao poder da autoridade, sem uma reivindicação precisa, podem levar a uma crise institucional gravíssima, com a queda dos líderes eleitos pelo povo.

Lembro que o Brasil é uma democracia recente, com apenas 25 anos de vivência democrática (desde 1988). É muito pouco tempo.

Podemos nos manifestar contra as autoridades por um motivo certo, seja ele qual for, mas não contra o poder legítimo da autoridade, o que implica em sério risco à democracia.

Lembro que quando há líderes, a massa segue o posicionamento da liderança; quando há um propósito único também, como ocorreu com as diretas-já! Agora, quando há uma massa reunida para simplesmente reivindicar, pode ela reivindicar tudo e de todos.

Não nego que seja interessante a população sair às ruas. É sinal de protesto e de alerta para as autoridades políticas. Mas manifestações reiteradas quase que diariamente que não tenham líderes nem propósitos definidos constituem um claro risco ao país e à democracia. O contrário, ou seja, o fortalecimento da democracia, adviria com manifestações que apontassem rumos e reivindicações precisas.

O povo tem que saber o que quer e lutar por isso. Pode pretender mudar a forma de fazer política, inclusive. E pode demonstrar o apreço pelo país (que é muito mais que política) nas vias públicas. Penso que só não deveria fazer carnaval – e servir de massa de manobra - por algo que é muito sério.

Fazer política exige responsabilidade, e se queremos que os nossos políticos sejam mais sérios no que fazem, devemos nós, eleitores, dar esse exemplo, sabendo precisamente o que reivindicamos, de que forma e de quem.

Porém, para um país que está democrático há tão pouco tempo, entendo que é compreensível a reação dos brasileiros que saem às ruas sem ter clareza da responsabilidade pelas suas manifestações. Só espero que esses gritos populares tão díspares (para isso, para aquilo, para aquilo outro...) não continuem a ecoar ininterruptamente por muito mais tempo, pois pode haver riscos à nossa tão jovem democracia e aos pequenos, mas significativos, avanços populares e sociais.

Para refletir:

Para viver, sinta, sonhe e ame.
Não deseje apenas coisas materiais.
Deseje o bem e multiplique as boas ações.
Sorria, sim. Mas ame mais.

Ame a si, aos outros, a quem está próximo e distante.
Ame quem errou e quem acertou.
Não diferencie.

O amor não julga. O amor não pune. O amor aceita.
Pense nisso e aceite a vida.

Vamos brincar com as palavras?



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